segunda-feira, 7 de março de 2011

Dez dicas para evitar o câncer

Dez dicas para evitar o câncer

Quem nunca teve medo do Bicho-Papão ou da Cuca quando era criança? Crescemos e passamos a acreditar que estas criaturas assustadoras eram frutos da imaginação... mas estávamos errados. O Bicho-Papão da idade adulta é bem palpável e atende pelo nome de... Câncer.

Você pensou ‘Imposto de Renda'? Não, não, é Câncer mesmo.

Estimativas feitas na década de 1980 pelos respeitados epidemiologistas ingleses, os Drs. Richard Doll e Richard Peto, mostraram que o fumo e a dieta respondem cada um por 30 a 35% do risco de uma pessoa ter câncer. Isso significa que simplesmente escolher hábitos de vida mais saudáveis pode reduzir em até 70% suas chances de desenvolver um tumor maligno. Partindo desta premissa e c om base nas evidências científicas mais recentes, relacionei as 10 dicas mais comprovadamente eficazes para evitar o Câncer:

1. FAÇA EXAMES MÉDICOS PERIÓDICOS. O Câncer no testículo é mais comum em homens entre os 15-35 anos de idade. Após os 40 anos, o problema pode ir para a próstata, os pulmões e o intestino grosso. Mulheres em idade fértil devem fazer o preventivo ginecológico a cada 12 meses, e, a partir dos 50 anos de idade, devem incluir mamografias também e...

Em resumo: facilite sua vida e não fique tentando descobrir sozinho(a) o que pode dar errado. Conte com seu médico para saber os tipos de exames preventivos que devem ser feitos. Estes exames podem variar de acordo com a presença de alguns fatores de risco específicos da sua família.

A avaliação médica periódica também é importante para checar a presença de infecção pelo HPV, ou Papilomavírus Humano. Este micróbio, transmitido pelo contato sexual, pode levar ao desenvolvimento de câncer no útero ou no pênis.

2. CUIDADO COM SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS POTENCIALMENTE DANOSAS. Produtos químicos contidos em alguns pesticidas e sprays podem aumentar o risco para câncer. Alimentos industrializados ou muito processados também podem ser perigosos.

O próprio ambiente de trabalho pode oferecer risco: a exposição repetida e prolongada a gasolina, diesel, arsênico, berílio, cloreto de vinil, cromados, gás mostarda e certos éteres pode resultar em vários tipos de câncer.

3. NÃO FUME.

E por falar em substâncias químicas perigosas... Fumar é a causa número 1 de várias doenças evitáveis, tais como câncer nos pulmões, infecções das vias respiratórias, problemas cardíacos, desentendimentos na praça de alimentação do shopping, e 342.112 outros distúrbios.

Eu sei que você não vai fumar para sempre, porém, quanto mais fumar, mais vai estar perto do “para sempre”. Faça todo esforço possível para largar o cigarro – e passe esta iniciativa adiante.


4. NÃO CONSUMA BEBIDAS ALCOÓLICAS EM EXCESSO.

O consumo regular de bebidas alcoólicas (mais de duas doses por dia, todos os dias) aumenta o risco para cânceres na cavidade oral, na garganta e no esôfago. Acredita-se isto esteja relacionado à deficiência de vários nutrientes.

5. MANTENHA-SE NA FAIXA DE PESO IDEAL.

A Obesidade aumenta o risco para câncer nas mamas, no intestino grosso e na próstata – isso se a pessoa não sofrer um infarto ou derrame antes. A Obesidade é uma doença e deve ser tratada não com descaso ou preguiça, mas com força de vontade e amor próprio. Você foi o espermatozóide mais rápido e esperto daquela noite! Faça valer a diferença!

6. LEVE UMA ALIMENTAÇAO RICA EM NUTRIENTES E POBRE EM CALORIAS. Vários estudos indicam que dietas pobres em fibras e ricas em gorduras aumentam o risco para câncer no intestino grosso, na próstata, nas mamas, nos ovários e no útero. Defumados e picles também aumentam seu risco. Dê preferência para frutas, legumes, cereais integrais e peixes.

Eu adoro um churrasco e confesso que fiquei um pouco (‘um pouco' é mentira, mas me dê algum crédito, ok?) assustado quando pesquisas realizadas pelo National Cancer Institute mostraram que o cozimento de carne vermelha é capaz de produzir mais de 17 tipos diferentes de Aminas Heterocíclicas – todas elas potencialmente causadoras de câncer. Pessoas que comem carne vermelha bem-passada mais de 4 vezes por semana possuem um risco até 3 vezes maior para câncer no estômago.

Para meu alívio, os cientistas também descobriram que pré-cozinhar as carnes no forno microondas por 2 minutos, antes de levá-las ao fogo, é capaz de reduzir em 90% o conteúdo de Aminas Heterocíclicas. Esta é uma boa maneira de manter as carnes na sua dieta (pois elas são uma fonte importante de nutrientes), ao mesmo tempo em que você reduz a concentração de substâncias nocivas.

7. USE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS.

Frutas, vegetais e cereais integrais ricos em carotenóides, vitamina A e vitamina C ajudam a proteger contra cânceres nos pulmões, no intestino grosso, nas mamas, na cavidade oral, no esôfago, no estômago, no pâncreas, no colo do útero e nos ovários.

Os Carotenóides são encontrados em vegetais e frutas de cor amarela ou alaranjada (p.ex.: cenouras e batata doce) e vegetais folhosos de cor verde escura (p.ex.: brócolis e espinafre). Os cientistas descobriram que os Carotenóides são capazes de reduzir a incidência de câncer no pulmão até mesmo em pessoas fumantes. É óbvio que parar de fumar é a principal medida para evitar o câncer no pulmão, mas mesmo entre os fumantes, aqueles que apresentam baixas concentrações de carotenóides no organismo possuem um risco maior.

8. PRATIQUE EXERCÍCIOS REGULARMENTE.

Os exercícios melhoram a oxigenação dos órgãos e tecidos, removem radicais livres e ajudam a manter o peso ideal, além de promoverem um bem estar tremendo, graças à liberação de endorfinas e outros neurotransmissores ‘do bem'.

9. APRENDA A LIDAR COM O ESTRESSE.

“Será que não tem nada fácil nessa lista?”, você deve estar pensando. Passar pelo médico periodicamente, não comer, não fumar, não beber, fazer exercícios e ainda aprender a lidar com o estresse!!?? Como !!!!!!!?????? @@$%)E*&/#]+!

Calma, calma. A fúria e a ansiedade diminuem a eficácia do Sistema Imune, o guarda-costas do seu organismo. Entre outras coisas, ele gerencia uma célula chamada Natural Killer, responsável pela eliminação de qualquer foco potencialmente canceroso. O Estresse contínuo diminui o nível dessa proteção e abre caminho para uma série de doenças, inclusive o câncer.

Para reduzir o estresse, não tenha vergonha de experimentar uma massagem de verdade, uma sessão revigorante de ioga, meditação, tai-chi, etc. E faça sexo pelo menos algumas vezes por semana.

10. TENHA UMA ATITUDE POSITIVA.

Ei, diga a verdade: com essa dica do sexo, você já começou a ter uma atitude positiva! Tente mantê-la pelo resto do dia – mas guarde o sorrisinho quando estiver naquela reunião com seu chefe. “Uma atitude positiva” significa amar a vida que existe em você. Ela é um tesouro ÚNICO e lhe pertence acima de todas as coisas. Assim que você tomar consciência disso, verá como é simples seguir o que foi dito até aqui.

- Dr. Alessandro Loiola é médico, escritor, palestrante e autor de Vida e Saúde da Criança e Obesidade Infantil. Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Responsável Técnico: Dr. Alessandro Loiola, MD

• Médico, especialista em Cirurgia Geral pela Santa Casa de Belo Horizonte.
• CRMMG 30.278
• Staff e Membro da Comissão de Ética do Hospital Nossa Senhora Aparecida, BH.
• Membro do Conselho Consultivo Editorial de E-Biomed Brazil ( www.ebiomedbrazil.com ).
• Membro do Health Advisory Board - P/S/L Resarch Group ( www.pslresearch.com ) para conteúdo médico-científico em websites.
• Membro da AMIA – American Medical Informatics Association (www.amia.org).
• Membro da SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
• Membro do CBTMS – Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde ( www.cbmts.com.br )
ã Copyright by Alessandro Loiola & BioInfo ä , 2001-2005. Todos os direitos reservados.

Endometriose

Endometriose

Dr. Sérgio dos Passos Ramos


Endometriose é uma doença que acomete as mulheres em idade reprodutiva e que consiste na presença de endométrio em locais fora do útero. Endométrio é a camada interna do útero que é renovada mensalmente pela menstruação.

ONDE SE LOCALIZA ?

Os locais mais comuns da endometriose são: Fundo de Saco de Douglas (atrás do útero), septo reto-vaginal (tecido entre a vagina e o reto), trompas, ovários, superfície do reto, ligamentos do útero, bexiga, e parede da pélvis.


PRINCIPAIS SINTOMAS

O principal sintoma da endometriose é a dor, as vezes muito forte, na época da menstruação. Dores para ter relações também são comuns. Mas muitas mulheres que tem endometriose não sentem nada. Apenas tem dificuldade em engravidar. Por outro lado ter endometriose não é sinônimo de infertilidade, muitas mulheres com endometriose engravidam normalmente. 30 a 40 % das mulheres que tem endometriose tem dificuldade em engravidar.

CAUSAS ?

Há diversas teorias sobre as causas da endometriose. Há evidências que sugerem ser uma doença genética. Outras sugerem ser uma doença do sistema de defesa. Na realidade sabe-se que as células do endométrio podem ser encontradas no líquido peritoneal em volta do útero em grande parte das mulheres. No entanto apenas algumas mulheres desenvolvem a doença. Estima-se que 6 a 7 % das mulheres tenham endometriose.

GRAUS DA DOENÇA:

Para finalidades didáticas a endometriose foi classificada em graus de I a IV. Na prática verificou-se que estes graus não refletem obrigatoriamente a gravidade da doença ou suas chances de tratamento. Muitas vezes uma endometriose grau I é pior, em termos de fertilidade e sintomas, que uma de grau IV.

DIAGNÓSTICO:

O diagnóstico de suspeita da endometriose é feito através da história clínica, ultra-som endovaginal na época da menstruação, exame ginecológico. A certeza, porém, só pode ser dada através do exame anatomo patológico da lesão, ou biópsia. Esta pode ser feita através de cirurgia, laparotomia, ou, preferível, laparoscopia. Laparoscopia é um procedimento de exame e manipulaçãoda cavidade abdominal através de instrumentos de ótica e/ou vídeo bem como de instrumentos cirúrgicos delicados que são introduzidos através de pequenos orifícios no abdomem. É um procedimento cirúrgico realizado geralmente com anestesia geral.

TRATAMENTO:

Atualmente não há cura para a endometriose. No entanto a dor e os sintomas dessa doença podem ser diminuídos.

As principais metas do tratamento são:

Aliviar ou reduzir a dor.

Diminuir o tamanho dos implantes.

Reverter ou limitar a progressão da doença.

Preservar ou restaurar a fertilidade.

Evitar ou adiar a recorrência da doença.

O tratamento cirúrgico pode ser feito com laparotomia ou laparoscopia. Os implantes de endometriose são destruídos por coagulação à laser, vaporização de alta freqüência, ou bisturi elétrico. A decisão cirúrgica é importante. A maior parte dos sucessos terapêuticos ocorrem após uma primeira cirurgia bem planejada. Cirurgias repetidas são desaconselhadas pois aumentam a chance de aderências peritoneais tão prejudiciais como a própria doença.

O tratamento clínico de formas brandas em mulheres que não pretendem engravidar pode ser feito com anticoncepcionais orais. Há um certo consenso entre os estudiosos que o pior a fazer é não fazer nada já que a doença é evolutiva.

Em mulheres que pretendem engravidar o tratamento pode ser feito com cirurgia e tratamento hormonal ou tratamento hormonal e depois cirurgia.

Varias drogas tem sido usadas Danazol, Lupron, Synarel, Zoladex, depot-Provera, Norplant e Neo-Decapeptil.

O mais importante no tratamento da endometriose é o planejamento das ações terapêuticas em comum acordo com o planejamento da gravidez pelo casal.

Em casos muito severos a gravidez só será possível através de técnicas de fertilização assistida e inseminação artificial.


A informação fornecida neste artigo é oferecida como um serviço à comunidade a respeito de cuidados com a saúde e não pode ser substituída por uma avaliação cuidadosa por parte do seu médico de confiança. Estas informações são baseadas em pesquisas feitas pelo autor e representam sua interpretação da literatura.


Dr. Sérgio dos Passos Ramos
Copyright © Sérgio dos Passos Ramos

Doença de Chagas

Doença de Chagas


O Maior transmissor da doença de chagas no Brasil tem um nome pomposo: Triatoma, mas é vulgarmente conhecido por várias alcunhas, como bicho-de-parede, bicho-de-frade, gaudério, procotó, rondão, chupança e barbeiro.

Uma descrição sucinta do Triatoma diria que é um inseto com perto de 2 centímetros de comprimento, asas achatadas, largas e listradas nas bordas, não muito diferente de uma barata doméstica comum, mas com um ferrão comprido. Ao contrário da barata, porém, é hematófago, ou seja, alimenta-se de sangue. E sua ação devastadora tem causado anualmente milhares de mortes em toda a America Latina, desde o norte do México até o centro do Chile e da Argentina.

Este bicho assassino tem hábitos altamente suspeitos. Durante o dia, esconde-se no madeirame e nas frestas das paredes de barro de casebres e choças de pau-a-pique. De noite, valendo-se da escuridão, sai de seu esconderijo e vai picar os moradores que se encontram dormindo. O pior de tudo é que, além de chupar o sangue das pessoas, defeca, também, ao mesmo tempo. E é pelas fezes que transmite a doença de Chagas.

O nome científico da doença de Chagas é Tripanossomíase americana ou brasileira, porque seu causador é um micróbio chamado Trypanosoma cruzi. Este germe vive naturalmente no sangue de alguns animais (principalmente no cão, no gato e nos roedores em geral). Ao sugar o sangue de um desses animais infectados, o "barbeiro" contamina-se com o micróbio e aloja-o em seu intestino. Mais tarde, ao picar uma pessoa e defecar junto à picada ele passa o germe para o homem. A doença de Chagas, portanto, raramente é transmitida de modo direto de pessoa para pessoa, ou de qualquer animal para um ser humano - quase sempre é preciso que exista um "barbeiro" que sirva de agente intermediário.


Como e Onde Age o Trypanossoma cruzi

A picada do "barbeiro": costuma provocar coceira; fora este comichão, é completamente inofensiva. O perigo todo está nas fezes que deposita - são elas que estão carregadas de tripanossomos.

O Trypanossoma cruzi é um protozoário flagelado, capaz de mudar de forma de acôrdo com o ambiente em que se encontra. Essas mudanças são acompanhadas de profundas alterações em suas características biológicas, virulência e capacidade de adaptar-se aos vários meios em que sobrevive. No sangue ele se apresenta sempre sob a forma de tripanossomo, ou seja, de microorganismo unicelular com um flagelo (que server para seu deslocamento), corpo alongado e curvo, afilando-se nas extremidades. Passando, porém, do sangue para as células dos tecidos, adota a forma de leishmânia, ou seja torná-se ovóide e perde o flagelo. Nessa forma simples, cresce e se reproduz com rapidez, inundando a célula invadida. Multiplica-se a ponto de destruir a célula e, rompendo-a, retorna à corrente sangüínea. De volta ao sangue, o parasita reassume a forma de tripanossomo e espalha-se por todo o organismo, assaltando novas células em qualquer parte do corpo, mas de preferência as fibras musculares e, muito particularmente, os músculos cardíacos.

A partir daí o ciclo se repete indefinidamente. Dentro das células dos tecidos, os minúsculos ovóides aflagelados multiplicam-se intensamente, destruindo as hospedeiras; fora delas, retomam a forma flagelada e emigram novamente. de maneira geral, a forma flagelada seve unicamente à locomoção e migração do parasita (é assim que ele aparece nas fezes do "barbeiro"), enquanto a sua forma aflagelada assegura sua permanência e reprodução, causa dos danos e lesões características da doença de Chagas.

Multiplicando-se no coração, por exemplo, os parasitas ocupam o maior eixo do músculo, formando grandes aglomerados, verdadeiros ninhos. A lesão predominante é sobre o miocárdio, mas são atingidos também, embora menos intensamente, o pericárcio, o endocárdio e as arteríolas coronárias. Nas fibras musculares, eles destroem a disposição em camadas, que é a principal característica das fibras normais.

Além do coração e dos músculos, o parasita causa lesões também no fígado, no sistema nervoso (encefalites, mielites, etc.), e nos gânglios linfáticos. No sistema sagüíneo, provoca uma linfocitose precoce e persistente.


Sintomas e Perigos

A doença de Chagas só se manifesta de dez a vinte anos depois que o paciente a contraiu. O pior de tudo é que a doença se introduz de maneira insidiosa nos seres humanos. Em 1912, logo depois de ter identificado o Trypanosoma cruzi, Carlos Chagas notou que outro inseto semelhante, apenas um pouco mais avantajado, o Panstrogylus geniculatus, que vivia em tocas de tatus, também era hospedeiro e transmissor do parasita. Estudos revelam a existência de pelo menos 31 espécies diferentes de "barbeiros" (triatomídeos) parasitados pelo Trypanosoma. Além disso, verificou-se que o germe pode introduzir-se no organismo humano por duas vias principais. Sempre depositado na pele com as fezes do "barbeiro", infecta sem dificuldade o local da picada, pasando para o sangue; mas também penetra com facilidade em qualquer mucosa (Bôca e conuntiva dos olho, principalmente).

Se uma pessoa, picada pelo "barbeiro", durante o sono coçar o local picado e depois passar os dedos infectados sobre os olhos, dias após estará com a conjuntiva inflamada, as pálpebras inchadas e ponto de não poder abri-las. Semanas mais tarde deverão surgir outros sintomas de infecção: febre, mal-estar, fraqueza, palpitações e cansaço generealizado. Essas são as queixas típicas dos chagásicos.

Neste ponto, diz-se que a doença está em sua forma aguda e poderá matar o paciente em conseqüência de uma inflamação difusa e intensa do coração (miocardite). Mas também é possível que os sintomas regridam espontâneamente. E a regressão pode durar semanas, meses ou até anos sem qualquer outra manifestação, tomando a moléstia sua forma crônica. Em geral, porém, passado o período de cura aparente, surgem as manifestaçãoes da cardiopatia chagásica - pressão baixa, taquicardia ou braquicardia, tontiras, falta de ar, inchaço nas pernas - e o paciente tem seus dias de vida contados: de forma geral não ultrapassa os cinquenta anos de idade, podendo morrer súbita ou lentamente.


Diagnóstico e Prevenção

Os principais meios para o diagnóstico da doença de Chagas em sua forma aguda é o exame microscópico de uma gôta de sangue do paciente, para a eventual identificação do Trypanosoma, ou a biopsia de um gânglio linfático. Na forma crônica, porém, os parasitos tornam-se raros na correte sangüínea e, então, o diagnóstico deve basear-se em método indireto: verifica-se se o organismo está produzindo anticorpos contra o Trypanosoma cruzi. Para isso faz-se uma prova imunológica com o soro sangüíneo do doente, denominada "reação de fixação do complemento para a doença de Chagas" ou "reação de Guerreiro e Machado", ou de "Machado Guerreiro" como é mais comumente conhecida.

Até agora a doença de Chagas não tem cura científicamente reconhecida. Enquanto os pesquisadores não descobrem um remédio eficaz, o combate à doença tem que se limitar à sua prevenção. E até agora o método profilático mais prático tem sido o combate sistemático ao "barbeiro". Para isso, equipes especializadas percorrem as regiões infestadas, visitando o maior número possível de casas de barro e pau-a-pique, tratando-as com doses maciças de inseticida. Evidentemente, a doença de Chagas é, além da moléstia terrível, consequência da miséria social, porque ataca sobretudo as camadas mais desamparadas da população, aquelas que por sua pobreza são obrigados a viver em choças, em condições subhumanas.

Mas nem tudo deve ser encarado com pessimismo. O alarma contra a doença de Chagas já encontrou eco em todas as partes do mundo. Novos medicamentos acham-se em observação; alguns com resultados mais positivos na forma agudada moléstia.


Quando Foi Descoberta a Doença de Chagas

Em 1907, Oswaldo Cruz, então diretor do Instituto Manguinhos do Rio de Janeiro, enviou o jovem médico mineiro Carlos Chagas para o norte de seu Estado, a fim de combater uma epidemia de malária que vinha grassando entre os trabalhadores da construção da Estrada de Ferro Central do Brasil.

Utilizando um vagão como laboratório, Carlos Chagas não se limitou a combater a malária. Em pesquisas pela região, examinou o Triatoma megistus e enviou alguns exemplares ao Instituto Manguinhos. Os sagüis, picados pelos isetos, apresentaram em seu sangue periférico a presença de numerosos tripanossomos desconhecidos e que, em homenagem a Osvaldo Cruz, receberam o nome de Trypanosoma cruzi.


Lúcia Helena Salvetti De Cicco
Diretora de Conteúdo e Editora Chefe

ALZHEIMER cuidando de pessoas queridas




DOENÇA DE ALZHEIMER
Cuidando de pessoas queridas

Quando alguém muito querido está com a doença de Alzheimer.
Alguém que você ama não consegue lembrar-se do nome do neto favorito... Esquece como voltar para casa... Repete sempre a mesma pergunta. Se alguém que você ama está com essa doença de Alzheimer, estas cenas lhe parecerão familiares. Você imagina então o que ainda está por vir. Este folheto pode ajudá-lo a entender um pouco mais a respeito da doença de Alzheimer. Ele também sugere maneiras de lidar com o problema que você está enfrentando.

"Às vezes é difícil cuidar da minha mãe. Mas aprendi a fazer com que isto pareça menos frustrante".

"Quando posso, saio para me distrair. Algumas vezes me sinto culpado, mas não sei que intervalos de descanso me ajudam a ser um cuidador".

O que é a doença de Alzheimer ?

A doença de Alzheimer é uma doença do cérebro que afeta a memória, o raciocínio e a comunicação das pessoas . esta doença é a causa mais comum de demência, um tempo geral para dificuldades progressivas da memória e outras funções mentais. A demência era conhecida como "senilidade considerada um sinal normal de envelhecimento. Hoje sabemos que Alzheimer e outras formas de demência não fazem parte de um envelhecimento normal.

Como é feito o diagnóstico ?

Quando existem problemas de demência, após eliminar a possibilidade de outras doenças que causam os mesmos sintomas, incluindo problemas de tiróide, derrame e depressão; pode-se suspeitar da doença de Alzheimer . A avaliação da doença de Alzheimer normalmente inclui testes de memória, exames de sangue e tomografia do cérebro. Deve-se consultar um médico.

Entendendo a doença de Alzheimer

Aprenda tudo o que puder sobre a doença de Alzheimer. Esta é a melhor maneira de ajudar a pessoa doente e a si próprio. A doença de Alzheimer é uma doença que provoca mudanças nas áreas do cérebro que controlam a memória e o raciocínio. É por este motivo que as pessoas portadoras da doença de Alzheimer tem dificuldade para viver um vida normal. As causas de desenvolvimento da doença ainda não são totalmente conhecidas.

Atualmente ela não tem cura. Mas cuidados apropriados podem ajudar uma pessoa com a doença de Alzheimer a viver com conforto por muitos anos.
Como funciona o cérebro

O cérebro controla todo o funcionamento do corpo e da mente. Áreas diferentes do cérebro controlam funções diferentes. Certas áreas controlam as tarefas físicas como o ato de andar. Outras áreas controlam a capacidade de falar.

Outras, ainda, controlam as tarefas mentais como os atos de lembrar, concentrar-se e tomar decisões.

Mudanças no Cérebro

Em certas áreas do cérebro das pessoas portadoras da doença de Alzheimer as células começam a morrer formando estruturas microscópicas chamadas placas senis. Na medida em que as células morrem e são formadas as placas senis, o cérebro não consegue funcionar como deveria. Ás áreas do cérebro afetadas por estas mudanças são as que controlam as funções mentais, como a memória. Outras funções, como os movimentos, não são geralmente afetadas até que a doença esteja bem adiantada.

Algumas áreas do cérebro: afetadas pela doença de Alzheimer estão sombreadas nesta figura. As áreas afetadas são as que controlam a memória, o raciocínio, a linguagem, a atenção e outras funções mentais.

Quem pode Ter a doença de Alzheimer ?

A doença de Alzheimer geralmente afeta as pessoas acima de 65 anos. Quanto mais velha a pessoa maior a probabilidade de desenvolver a doença. Todos os tipos de pessoas estão sujeitas a esta doença. Nenhuma profissão, nível de escolaridade ou raça está imune. Em casos raros, a doença de Alzheimer pode ser uma doença familiar. Em outros, apenas uma pessoa da família é afetada.

Os efeitos da doença de Alzheimer

Os sintomas da doença Alzheimer aparecem lentamente. O período médio é entre o primeiro e o último estágio é cerca de 9 anos. Este período pode, entretanto, variar muito.
No estágio inicial, a pessoa parece confusa e esquecida. Ela pode procurar palavras ou deixar pensamentos inacabados. Esquece freqüentemente os fatos e conversas recentes. Entretanto, pode lembrar claramente o passado distante .
No estágio intermediário, o doente precisa de muita ajuda para executar tarefas rotineiras. Ele pode não reconhecer seus familiares, perder-se em locais familiares e esquecer como executar tarefas simples como vestir-se e tomar banho. Pode tornar-se impaciente, mal-humorado e imprevisível.
No estágio avançado, a pessoa doente perde completamente a memória, a capacidade de julgamento e o raciocínio, e é necessário ajudá-la em todos os aspectos do dia a dia.

Feitos por uma pessoa com doença de Alzheimer num período de 4 anos. Eles mostram como a doença de Alzheimer afeta as funções mentais como a memória e a organização.

Tratando a doença de Alzheimer

Os objetivos do tratamento são aprender a lidar com os sintomas e dar conforto à pessoa doente.
Os medicamentos podem melhorar os sintomas em alguns casos. Alguns tipos de medicamento ajudam a melhorar a memória. Outros tratam os sintomas como a agitação e a depressão. O médico determinará quais os medicamentos mais efetivos.
É essencial traçar um plano de gerenciamento que inclua cuidados e supervisão. O médico poderá orientar na elaboração do plano e ajudar a executá-lo.
Visitas regulares ao médico ajudarão a monitorar as condições do doente, verificando se existem outros problemas ou doenças que podem ser tratadas.
Zelando pela segurança de quem você ama

Muitos dos sintomas da doença de Alzheimer podem causar preocupações. Sintomas como esquecimento e confusão podem causar situações de risco. Tente algumas das dicas a seguir, para manter a segurança do doente e de todos a sua volta.
Organize a casa para torna-la segura.

Observe cada cômodo e verifique se existe algum perigo para alguém que está esquecido e confuso. Decida o que deve ser mudado. Para uma pessoa com a doença de Alzheimer é difícil ajusta-se às mudanças. Portanto, faça o menor número possível. As dicas a seguir ajudam a lidar com riscos comuns.

Evite desordem

A desordem piora a confusão e pode provocar quedas. Mantenha desimpedidas a área social, corredores e escadarias.

Mantenha fogões e eletrodomésticos em segurança

Fogão e outros eletrodomésticos podem ser esquecidos ligados ou usados de maneira errada. Remova ou cubra os botões ou desligue fogão, aquecedores e fornos de microondas da tomada quando não estiverem sendo usados. Desligue ou também deixe fora do alcance ferros elétricos, torradeiras, liqüidificadores, ferramentas e outros equipamentos elétricos.

Previna outros riscos

Mantenha a temperatura do aquecedor de água abaixo de 38ºC para evitar queimaduras.
Remova trancas do lado de dentro das portas dos banheiros e quartos de dormir.
· Mantenha as áreas da piscina e da banheira fechadas.
Verifique se os alimentos armazenados não estão estragados. As pessoas com Alzheimer não reconhecem quando os alimentos estão deteriorados.
Mantenha bolsas, carteiras, chaves, dinheiro, talão de cheques e outros itens importantes fora do alcance. As pessoas portadoras da doença de Alzheimer podem tirar do lugar ou esconder objetos, e não lembrar o que fizeram.

Impeça o doente de dirigir

Dirigir é perigoso para as pessoas com a doença de Alzheimer. A pessoa doente pode querer continuar dirigindo mas, para a segurança de todos, faça o que puder para evitar que ela dirija.

Peça para alguém com autoridade, como um médico, advogado ou agente de seguro, dizer ao doente que ele não pode dirigir.
Limite o acesso ao carro. Esconda as chaves e tranque o carro. Procure guardar o carro fora da vista do doente.

Controle as perambulações

As pessoas com a doença de Alzheimer se tornam impacientes e confusas. Elas podem circular sem rumo pela casa ou até sair e perder-se.

À noite mantenha luzes acesas nos locais de passagem e banheiros.
Instale trancas difíceis de abrir.
Peça a vizinhos que avisem se virem o doente sair de casa sozinho.
Acompanhe o doente se ele insistir em sair de casa. Evite discutir ou gritar com ele. Ao contrário, tente persuadi-lo gentilmente a voltar para casa.
Contate a Associação de Alzheimer de sua região para informar-se melhor sobre os programas de ajuda a esse tipo de problema.
Esconda as chaves do carro onde não possam ser encontradas.
Coloque etiquetas com nome na roupas do doente.
Compre um bracelete de identificação para o doente usar.

Cuidados diários

Cuidar de uma pessoa com a doença de Alzheimer significa planejar suas atividades e ajudá-la em seus cuidados pessoais diariamente. Ter uma programação diária regular é de grande ajuda. O doente se sentirá mais seguro com uma rotina familiar.
Planejamento das atividades diárias

As pessoas com a doença de Alzheimer freqüentemente sente-se aborrecidas e frustadas. Elas podem querer executar atividades, mas não conseguem executá-las por si próprias. Planeje com antecedência para manter o doente ocupado.

Dicas que podem ajudar

Planeje atividades simples. Se a tarefa é muito complexa o doente pode frustar-se. As atividades repetitivas são uma escolha. Mude as atividades de acordo com as mudanças na capacidade de execução do doente.
Faça as tarefas junto com o doente. permita que o doente faça mais que puder por conta própria, mas esteja perto para ajudar. Escolha atividades que envolvam várias tarefas simples, como por exemplo fazer um bolo. Faça as tarefas que são mais difíceis para o doente, como medir os ingredientes, e deixe que ele faça o resto sozinho.
Não desista. Planeje atividades simples em vez de desistir. Ao invés de fazer visitas a um grupo de amigos, visite um de cada vez. Em vez de executar duas ou três tarefas, dedique-se apenas a uma delas.
Permaneça ativo. Exercícios regulares ajudam tanto você quanto o doente a liberar a energia que está presa. Os exercícios diminuem a impaciência e ajudam a dormir melhor. Caminhar é uma boa maneira de exercitar juntos.
Ajudar com cuidados pessoais
Com o passar do tempo o doente precisará, cada vez mais, ser ajudado em suas atividades diárias. Mas, em qualquer estágio, permita, que o doente faça por si mesmo o máximo que puder.
Comer e beber
Façam uma refeição juntos pelo menos uma vez por dia. As refeições são ótimos momentos para socializar e permitem que você controle a quantidade e tipo de alimento que o doente come`.
Providencie para que cada refeição seja a mais saudável. Pergunte ao médico se são necessários suplementos alimentares.
Faça com que o doente ingira bastante líquido.

Vestir-se

Quando o doente vestir-se sozinho não se preocupe se as roupas nem sempre combinam.
Escolher o que vestir pode ser difícil demais para o doente de Alzheimer. Procure deixar as roupas sobre a cama diariamente .
Se for necessário ajudar, entregue uma peça de cada vez, explicando como vesti-la.
Banho e higiene pessoal
A pessoa doente pode ofender-se se você lembrá-la do banho, por isso torná-lo uma atividade esperada sempre a mesma hora do dia, pode ajudar.
Prepare com antecedência a água e outros itens para o banho.
Ir à barbearia ou salão de beleza pode ajudar na lavagem, no corte dos cabelos, e para fazer a barba.

Como tomar os medicamentos

Controle os medicamentos diários. Uma caixa de comprimidos com separações e uma lista dos remédios são bastante úteis.
Não confie na palavra do doente quando ele disser que já tomou o medicamento. Verifique se ele foi tomado nas hora e quantidade certas.
Guarde os medicamentos em lugar seguro para evitar que sejam tomados por engano.

Comunicação e comportamento

A doença de Alzheimer torna difícil para o doente compreender e ser compreendido. Você poderá ficar frustado ou aborrecido com sua maneira de agir. Lembre-se que estes problemas são causados pela doença e não propositais. Aprenda a lidar com estas situações e a evitar que elas piorem.

Estratégias para melhorar a comunicação

As pessoas com doença de Alzheimer têm dificuldades para entender o significado do que é dito. Entretanto, elas são muito sensíveis a como as palavras são ditas. Um tom agitado pode perturbá-las, ao contrário, um tom calmo pode dar-lhes segurança. Mantenha um tom positivo na voz sempre que puder. As dicas a seguir lhe ajudarão a comunicar-se melhor.

Evite discutir a realidade

O doente confunde a realidade e não é capaz de separar o presente do passado. Ele pode até mesmo esquecer que é você. Isto pode ser frustrante, mas não insista na sua versão da realidade isto só pode causar mais confusão e tensão. Decida se o assunto é importante. Se você puder, "faça o jogo do doente". Isto poderá evitar muita frustração para ambos.

Em vez de dizer; "Você não pode ligar para seu pai. Ele morreu há muitos anos".
Diga; "Acho que ele não está em casa, vamos ligar mais tarde".
Tranqüilize o doente

A pessoa com doença de Alzheimer pode repetir várias vezes a mesma pergunta. Isto pode aborrecê-lo, mas tente entender o porquê da pergunta. Por exemplo, a pessoa pode estar preocupada em faltar a um compromisso ou ser deixada para trás.
Em vez de dizer; "já disse que seu compromisso é ás 2 horas".

Diga; "Não se preocupe, eu também vou. E não irei sem Você".

Procure distrair o doente

A pessoa com doença de Alzheimer algumas vezes tenta fazer coisas que são perigosas, como por exemplo sair de casa sozinha. Discutir piora a situação. Em vez disso, tente distraí-la, e ela logo esquecerá o que queria fazer.

Em vez de dizer; "aonde você pensa que vai ? Você não pode sair sozinha!".
Diga; "Antes de sair poderia mexer isto para mim por alguns minutos".

Tente afirmar e não perguntar

O doente pode não querer fazer certas coisas, como por exemplo tomar banho. Formular pedidos como se fossem afirmações em vez de perguntas ajuda a evitar discussões.

Em vez de dizer; "Você quer tomar banho agora?".
Diga; "Seu banho está preparado. Aqui está a toalha".

Lidando com mudanças de personalidades

De vez em quando a personalidade do doente parece mudar. As mudanças mais comuns associadas a doença de Alzheimer são a depressão, regressão, apatia, irritabilidade, desconfiança e impaciência. Também podem ocorrer alucinações (ver coisas que não existem) e ilusões (crenças irracionais). Se tais problemas forem imprevistos, graves ou provocarem situações de perigo, consulte o médico para orientação. Em geral, não tome como pessoais as coisas que o doente diz ou faz. Lembre-se: para uma pessoa com a doença de Alzheimer o mundo pode ser um lugar muito tenso. Tente encarar as coisas sob este ponto de vista.

Planejando o futuro

Visto que as necessidades da pessoa doente mudarão com o passar do tempo, tente planejar com antecedência. Organize a maneira de viver, procure apoio jurídico e cuide atentamente das finanças.

Centros de atendimento a idoso. (residências para a 3ª idade) podem cuidar do doente caso você precise sair durante o dia. E, além disso, dão a ele a oportunidade de estar com outras pessoas.

Escolha o tipo mais apropriado de assistência

Assistência é o item mais importante para a pessoa de Alzheimer. Escolher a assistência certa para cada situação significa decidir em primeiro lugar o grau de cuidados que a pessoa precisa. Dependendo do estágio da doença e do comportamento da pessoa doente, a assistência pode variar de visitas diárias a cuidados ininterruptos. Primeiro determine o grau necessário de assistência, e então decida qual a melhor maneira de obtê-la.

Você pode escolher entre:

Contratar uma enfermeira
Hospitais - dia
Alguém que more com você para ajudar (geralmente um membro da família).
Moradia assistida ( idoso vivendo com acompanhante)
Casas de repouso

Seja qual for a opção escolhida, verifique periodicamente se ela continua sendo a melhor escolha. Saiba qual será a próxima escolha se a situação atual se tornar insatisfatória.

Leve em conta as questões legais e financeiras

Chegará a hora em que a pessoa com doença de Alzheimer não estarás mais apta para tomar decisões. É bom preparar-se para isto. Converse com ela a respeito destas questões o mais cedo possível, enquanto ela ainda pode entender seus objetivos e concordar em fazer mudanças. Se puder contate um advogado especializado, ele poderá ajudá-lo no planejamento legal e financeiro.

Algumas questões a considerar

Procuração universal e depositário em vida: estes instrumentos transferem o poder financeiro e legal da pessoa doente para alguém que possa tomar decisões em seu nome.
Despesas médicas: seguros de saúde e planos privados tem limite de cobertura. Examine cuidadosamente a cobertura do seu seguro. Também verifique que tipo de ajuda o estado oferece. Planejamento com antecedência.
Antecipe futuras questões médicas: Isto fará você saber qual tipo de tratamento o doente quer receber ou não no final da vida.

Assuma as finanças da pessoa doente para garantir que as contas sejam pagas e mantidas em ordem.

Providencie que a correspondência da pessoa doente seja entregue no seu endereço para evitar que as contas e documentos importantes sejam extraviados.

Cuide-se

Cuidar da pessoa com doença de Alzheimer tomará muito de seu tempo. Mas atenda também suas próprias necessidades. Forme uma rede de apoio, que pode incluir os amigos, a família e grupos organizados. Procure perceber a hora de procurar outras opções de assistência.

Arranje tempo para você

Passe algumas horas afastado do doente. Você poderá sentir-se culpado por afastar-se, mas cuidar de suas coisas o ajudará a manter-se disposto e melhor preparado para enfrentar os desafios de cuidar de um doente. Procure fazer o seguinte:

Planeje atividades com amigos ou com a família.
Pratique seu passatempo predileto.
Faça exercícios para aliviar a tensão e continuar disposto.
Relaxe. Leia um bom livro ou cochile.

Descubra uma maneira de fazer intervalos durante o tempo em que cuida do doente. A família, os amigos ou uma ajuda contratada (enfermeira) podem ajudar. Ligue para a Associação de Alzheimer de sua região para obter sugestões.

Aceite suas emoções

Às vezes você pode sentir-se com raiva, frustrado, com medo ou ressentido. Não se sinta culpado, estas emoções são normais. Divida seus sentimentos com alguém. Caso sentir-se deprimido, consulte o médico. Observe também se alguém mais da família, por exemplo as crianças, precisam de ajuda para lidar com as emoções. Finalmente, a pessoa doente algumas vezes fará coisas engraçadas, não tenha medo de rir. E encoraje-a a rir também.

Procure ajuda e apoio

Peça para os outros o ajudarem a cuidar do doente. Mesmo que não possam ajudar, os amigos e a família podem oferecer conforto e apoio à doença de Alzheimer também podem ser uma alternativa para ajuda. Nestes grupos pessoas que cuidam de portadores da doença de Alzheimer compartilham histórias e dicas.

Perceba quando é necessário mudar

Chegará o momento em que você não poderá mais cuidar do doente com segurança, ou em que você perceberá que não consegue mais arcar com esta responsabilidade. Quando isto acontecer, não significa que você falhou. Uma mudança na situação poderá ser melhor para todos. Sua próxima opção poderá ser uma casa de repouso. Estas instituições geralmente estão equipadas para cuidar das pessoas com doença de Alzheimer, e podem garantir segurança e cuidados especiais para a pessoa doente.
Conhecendo melhor a doença de Alzheimer

Você ainda pode aprender um pouco mais sobre a doença de Alzheimer. Os profissionais de saúde podem ajudar. Tente também os grupos de apoio e associações da sua região.

ABRAz- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALZHEIMER
CAIXA POSTAL, 3913 CEP 01160-970 SÃO PAULO
E-MAIL: abraz@abraz.com.br
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Fone: (0xx11) 270-8791

Virus H1N1

OMS informa que o H1N1 é o vírus dominante de gripe em todo o mundo
'Pandemia vai persistir nos próximos meses', afirma a entidade.
Agência de saúde da ONU ressalva que não detectou mutações.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta sexta-feira (28) que o H1N1, o vírus causador da nova gripe, já é o dominante em circulação no mundo. Isso significa que a maioria dos casos de gripe em curso é resultado da ação desse vírus, e não do agente causador da gripe comum, ou sazonal.
“A evidência de múltiplos locais de surto demonstra que o vírus pandêmico H1N1 se estabeleceu rapidamente e agora é a cepa dominante de influenza no maior número de regiões do mundo. A pandemia vai persistir nos próximos meses à medida que o vírus continua circulando entre populações suscetíveis”, afirma boletim divulgado no site oficial da OMS, a agência de saúde pública das Nações Unidas.

O monitoramento dos vírus pela rede de laboratórios credenciados pela agência mostrou que os H1N1 que originaram todos os surtos continuam praticamente idênticos. Não há sinais, portanto, de que o vírus tenha passado por mutações, o que é uma excelente notícia. Se o H1N1 mutasse após a produção de milhões de doses de vacinas, elas se tornariam inúteis da noite para o dia.

Ainda segundo a entidade, o quadro clínico da gripe pandêmica é similar em todos os países. A grande maioria dos pacientes tem sintomas brandos. “Ainda que o vírus possa causar enfermidade grave e fatal, e também em pessoas jovens e saudáveis, o número de tais ocorrências continua pequeno”, avalia a entidade.

OMS diz que 40% dos mortos pela gripe são adultos com boa saúde
'Vírus viaja a velocidade incrível', diz diretora da OMS.
Pandemias de gripe são 'altamente imprevisíveis', completa.


A diretora da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, afirmou que 60% das mortes provocadas pelo vírus da nova gripe são em pessoas com problemas de saúde, por isso os 40% restantes correspondem a jovens adultos saudáveis
"Este vírus viaja em uma velocidade incrível, inédita. Em seis semanas, percorreu a mesma distância que outros vírus em seis meses", indicou a máxima responsável da OMS, em entrevista publicada hoje no jornal "Le Monde".

O vírus A (H1N1), a primeira pandemia do século XXI, provocou a morte de pelo menos 2,185 mil pessoas no mundo e pelo menos 209,438 mil pessoas já foram infectadas.

Segundo Margaret, 60% dos casos fatais da nova gripe são de "pessoas que tinham problemas de saúde subjacentes", acrescentando que "isso significa que 40% das mortes dizem respeito a jovens adultos - em boa saúde - que morrem em cinco ou sete dias de uma pneumonia virótica".

"É o fato mais preocupante: curar os pacientes é muito difícil", declarou.

A diretora da OMS considerou também que "até 30% dos habitantes de países com uma forte densidade de população correm o risco de se infectar", e alertou aos Estados que devem "se preparar para o pior e esperar o melhor", já que as pandemias gripais são "altamente imprevisíveis".

Embora a capacidade mundial de produção de vacinas tenha sido duplicada para lutar contra a pandemia, os 900 milhões de doses contra o vírus da nova gripe que serão produzidos "não serão suficientes", acrescentou Chang.

Portanto, a diretora da OMS concedeu grande importância à necessidade de boas políticas de comunicação para que métodos simples para enfrentar a infecção, como lavar corretamente as mãos ou permanecer em casa se estiver doente, ajudem a combater o vírus.


FONTE: GLOBO

Catarata

Catarata

Catarata consiste na opacificação do cristalino. O cristalino é uma lente localizada atrás da pupila nos olhos e atua focalizando os raios de luz sobre a retina. Nas pessoas jovens, o cristalino é elástico e muda de forma rapidamente, permitindo que os olhos focalizem tanto objetos próximos quanto distantes. Ao atingir a meia idade, alterações nas proteínas do cristalino causam seu endurecimento, resultando em uma doença chamada presbiopia (ou “vista cansada”).

Além disso, o envelhecimento e outros fatores podem fazer com que as proteínas formem grumos e áreas opacas no cristalino – é a catarata. Isto é particularmente comum nos diabéticos e nas pessoas em tratamento com corticosteróides.

Dependendo da sua densidade e em qual camada do cristalino estão localizadas, as cataratas podem bloquear a passagem da luz pelo cristalino e interferir com a formação de imagens na retina, embaçando a visão. As cataratas são irreversíveis, mas podem ser tratadas cirurgicamente.

O que sente uma pessoa com Catarata?

Os principais sintomas são embaçamento da visão e/ou visão dupla. Um dos sinais do desenvolvimento de catarata é a necessidade frequente de alterações no grau dos óculos. Algumas pessoas relatam que as imagens se tornaram “amareladas”. A sensibilidade à luz pode ser comprometida de tal forma que se torna impossível dirigir à noite. Nos casos avançados, a pupila, que normalmente é escura, se torna esbranquiçada ou amarelada. Uma vez que estes mesmos sintomas podem ser causados por outras doenças dos olhos, deve-se procurar sempre um Oftalmologista.

Quais são os principais fatores de risco para a Catarata?

Idade e sexo: cerca de 40% das pessoas entre 55 e 64 anos apresentam áreas opacas no cristalino, mas apenas 5% apresentam realmente catarata (na faixa etária de 65 a 74, os valores correspondem a 70% e 18%, respectivamente). Praticamente qualquer pessoa com mais de 80 anos de idade apresenta um certo grau de catarata. As mulheres possuem uma incidência um pouco maior, principalmente aquelas que menstruaram mais tardiamente. A catarata é rara nas crianças (1 caso a cada 10.000 nascimentos), sendo de origem infecciosa ou genética.



Dr. Alessandro Loiola, MD

• Médico, especialista em Cirurgia Geral pela Santa Casa de Belo Horizonte.
• CRMMG 30.278
• Staff e Membro da Comissão de Ética do Hospital Nossa Senhora Aparecida, BH.
• Membro do Conselho Consultivo Editorial de E-Biomed Brazil ( www.ebiomedbrazil.com ).
• Membro do Health Advisory Board - P/S/L Resarch Group ( www.pslresearch.com ) para conteúdo médico-científico em websites.
• Membro da AMIA – American Medical Informatics Association (www.amia.org).
• Membro da SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde
• Membro do CBTMS – Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde ( www.cbmts.com.br )
ã Copyright by Alessandro Loiola & BioInfo ä , 2001-2005. Todos os direitos reservados.

Politica no transplante

Resolução COFEN - nº 292/2004
O Conselho Federal de Enfermagem, no uso de suas atribuições a que alude a Lei nº
5.905/73 e a Lei 7.498/86, e tendo em vista deliberação do Plenário em sua reunião
ordinária Nº 318, realizada em 02/05/2004;
CONSIDERANDO a Constituição da República Federativa do Brasil, nos artigos 197 e
199;
CONSIDERANDO a Lei 9434/97, que dispõe sobre a remoção de órgãos tecidos e
parte do corpo humano para fins de transplantes e tratamentos;
CONSIDERANDO o Decreto nº 2268/97, que regulamenta a Lei dos Transplantes e cria
o Sistema Nacional de Transplantes;
CONSIDERANDO a Lei nº 10.211/2001, que altera a Lei 9434/97;
CONSIDERANDO a Lei 7498/86 e Decreto nº 94406/87, respectivamente no artigo 11,
inciso I, alíneas "i", "j", "l", e "m" e artigo 8º, inciso I, alíneas "g" e "h", inciso II, alíneas
"m", "n", "o", "p" e "q";
CONSIDERANDO o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, aprovado pela
Resolução do COFEN Nº 240/2000;
CONSIDERANDO a Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1489/87, que
estabelece o diagnóstico de morte encefálica;
CONSIDERANDO a Resolução COFEN Nº 272/2002, que dispõe sobre a
Sistematização da Assistência de Enfermagem;
CONSIDERANDO A Resolução COFEN Nº 200/97, que dispõe sobre a atuação dos
Profissionais de Enfermagem em Transplantes;
CONSIDERANDO a Portaria GM/MS nº 3.407, de 05 de agosto de 1998, que
estabelece o Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplantes;
CONSIDERANDO a Portaria GM/MS Nº 901, de 16 de agosto de 2000, que cria a
Central Nacional de Captação de Órgãos (CNNCDO);
CONSIDERANDO a Portaria GM/MS nº 91, de 23 de janeiro de 2001, que estabelece o
Funcionamento da Central Nacional de Captação de Órgãos (CNNCDO);
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Resolução COFEN - nº 292/2004
CONSIDERANDO a Portaria GM/MS Nº 92, de 23 de janeiro de 2001, que trata da
Busca Ativa e Captação de Órgãos;
CONSIDERANDO a Portaria GM/MS nº 1686, de 20 de setembro de 2002, que trata de
Bancos de Tecidos músculoesqueléticos;
CONSIDERANDO a Portaria GM/MS nº 828, de 29 de junho de 2003, que trata de
Bancos de Tecidos Oculares Humanos;
CONSIDERANDO que a Assistência de Enfermagem prestada ao doador de órgãos e
tecidos tem como objetivo a viabilização dos Órgãos para Transplantes;
CONSIDERANDO que processo de doação de órgãos e tecidos para transplante se
inicia no hospital, que notificou a morte encefálica;
CONSIDERANDO que o doador poderá ser transferido para outro hospital, com
recursos técnicos e humanos necessários à confirmação de morte encefálica e retirada
de Órgãos;
CONSIDERANDO a necessidade de permanência do doador em Unidade de Terapia
Intensiva, até a retirada dos Órgãos;
RESOLVE:
CAPÍTULO I
Do Doador Cadáver
Artigo 1º - Ao Enfermeiro incumbe planejar, executar, coordenar, supervisionar e
avaliar os Procedimentos de Enfermagem prestados aos doador de órgãos e tecidos,
através dos seguintes procedimentos:
a) Notificar as Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos-CNNCDO, a
existência de potencial doador.
b) Entrevistar o responsável legal do doador, solicitando o consentimento livre e
esclarecido por meio de autorização da doação de Órgãos e Tecidos, por escrito;
c) Garantir ao responsável legal o direito de discutir com a família sobre a doação,
prevalecendo o consenso familiar;
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d) Durante a entrevista com a família e representante legal, fornecer as informações
sobre o processo de captação que inclui: o esclarecimento sobre o diagnóstico da morte
encefálica; o anonimato da identidade do doador para a família do receptor e deste para
a família do doador; os exames a serem realizados; a manutenção do corpo do doador
em UTI; a transferência e procedimento cirúrgico para a retirada; auxílio funeral e a
interrupção em qualquer fase deste processo por motivo de parada cardíaca; exames
sorológicos positivos ou desistência familiar da doação;
e) Aplicar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) no processo de
doação de órgãos e tecidos;
f) Documentar, registrar e arquivar o processo de doação/transplante no prontuário do
doador, bem como, do receptor;
g) Transcrever e enviar as informações sobre o processo de doação atualizada para a
CNNCDO;
h) Receber e coordenar as equipes de retirada de órgãos, zelando pelo cumprimento da
legislação vigente;
i) Cumprir a fazer cumprir acordo firmado no termo da doação;
j) Executar e/ou supervisionar o acondicionamento do órgão até a cirurgia de implante
do mesmo, ou transporte para outra instituição;
k) Exigir documento de identificação da pessoa responsável pelo transporte do
órgão/tecido, autorizado pela CNNCDO;
l) Fazer cumprir a Legislação que normatiza a atuação do Enfermeiro e Técnico em sala
operatória;
m) Considerar a mesa auxiliar para perfusão de órgãos, como campo operatório;
n) Acompanhar e/ou supervisionar a entrega do corpo à família;
Artigo 2º - Realizar a enucleação do globo ocular, desde que tecnicamente habilitado
pela Associação Panamericana de Banco de Olhos - APABO.
Artigo 3º - Planejar e implementar ações que visem a otimização de doação e captação
de órgãos/tecidos para fins de transplantes, dentre os quais destacam-se:
a) Desenvolver e participar de pesquisas relacionadas com o processo de doação e
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Resolução COFEN - nº 292/2004
transplante;
b) Promover e difundir medidas educativas quanto ao processo de doação e transplante
de órgãos/tecidos, junto à comunidade;
c) Participar e organizar programas de conscientização dos Profissionais da Área da
Saúde, quanto à importância da doação e obrigatoriedade de notificação de pessoas,
com diagnóstico de morte encefálica;
d) Proporcionar condições para o aprimoramento e capacitação dos Profissionais de
Enfermagem envolvidos com o processo de doação, através de cursos e estágios em
instituição afins;
e) Favorecer a assistência interdisciplinar no processo de doação/transplante de órgãos
e tecidos;
CAPÍTULO II
Do Receptor
Artigo 4º - Ao Enfermeiro incumbe aplicar a SAE, em todas as fases do processo de
doação e transplante de órgãos e tecidos ao receptor e família, que inclui o
acompanhamento pré e pós transplante (no nível ambulatorial) e transplante
(intra-hospitalar), dentre os quais destacam-se;
a) Identificar os Diagnósticos de Enfermagem de risco, reais e bem estar do receptor
(NANDA 2002/2003);
b)Fazer intervenção de Enfermagem, tratamento e/ou prevenção, evitando
complicações e/ou minimizando os riscos que possam interferir no transplante;
c) Integrar receptor e família no contexto hospitalar;
d) Realizar visita domiciliar, com o objetivo de implementar a SAE;
e) Encaminhar receptor(a) e cuidador(a) para imunização profilática, de acordo com
protocolo específico para cada tipo de transplante;
f) Orientar receptor e família quanto as tramites legais do transplante, realizar Consulta
de Enfermagem periodicamente, dando continuidade a SAE;
g) Orientar receptor e família quanto aos tramites legais do Cadastro Técnico Único,
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tempo de permanência, riscos e benefícios do transplante;
h) Solicitar ao receptor ou responsável legal, o consentimento expresso após orientação
e leitura da autorização, informando quanto a excepcionalidade e os riscos do
procedimento, conforme insculpido no artigo 10, da Lei 9434/97;
i) Fazer ou atualizar o Histórico de Enfermagem ao admitir o receptor, para a realização
do transplante;
j) Identificar os Diagnósticos de Enfermagem reais, potenciais e de bem estar;
k) Prescrever intervenções de enfermagem para os diagnósticos reais, potenciais e de
bem estar;
l) Prescrever os cuidados de enfermagem pré-operatórios;
m) Efetuar registro da solicitação ao profissional responsável pela avaliação do doador
ou órgão, que informe ao receptor ou responsável legal, as condições do doador que
possam aumentar os riscos do procedimento e/ou que possam diminuir a curva de
sobrevivência do receptor;
n) Manter a família informada quanto ao procedimento cirúrgico;
o)Arquivar o termo de morte encefálica, doação e informações do doador, no prontuário
do receptor;
p) Cumprir e fazer cumprir as normas da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar;
q) Planejar, organizar, coordenar e executar a Assistência de Enfermagem durante o
período de internação pós-transplante, estimulando o auto-cuidado;
r) Elaborar plano de alta;
s) Colaborar com a equipe multiprofissional no trabalho de reabilitação do receptor,
proporcionando o seu retorno às suas atividades cotidianas;
t) Planejar e implementar programas que visem a socialização e participação do
transplantado, no mercado de trabalho;
u) Fazer acompanhamento ambulatorial após alta hospitalar, de acordo com as
necessidades do receptor;
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Resolução COFEN - nº 292/2004
Artigo 5º - Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Federal de Enfermagem.
Artigo 6º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando
disposições em contrário.
Rio de janeiro, 07 de junho de 2004.
GILBERTO LINHARES DE TEIXEIRA
CARMEM DE ALMEIDA DA SILVA
COREN-RJ N° 2380
COREN-SP N° 2254
PRESIDENTE
PRIMEIRA SECRETÁRIA
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A Farsa da margarina

A farsa da margarina - Margarina, Ácidos Graxos e sua saúde
Extraído de:
Nexus Magazine, Volume 4, nº. 2 (Fevereiro-Março 1997). www.nexusmagazine.com - nexus@peg.apc.org
Blazing Tattles, vol. 5, nºs. 10 e 11, 1996
www.best.com/~cnorman/blazing - blazing@crl.com
OS RÓTULOS MENTIROSOS DOS "ALIMENTOS SAUDÁVEIS"
Você já gastou aquele dinheirinho extra para comprar um alimento natural de alta qualidade, ou uma vitamina, só para descobrir mais tarde que não era nada do que anunciava? Já aconteceu em nossa família mais de uma vez. Nossa experiência mais recente foi com uma linha de óleos vegetais vendida em lojas e cooperativas naturais. As garrafas, com belos rótulos, alardeavam a técnica especial de processamento em baixa temperatura e a qualidade superior do produto. Já vínhamos usando o óleo de canola daquele fabricante há vários anos quando decidi escrever à companhia com algumas perguntas e pedindo informações sobre o óleo que vendiam.
Ficamos chocados ao descobrir que o óleo de canola "prensado a frio" e "levemente refinado" era sujeito às mesmas temperaturas altas (232°-260° Celsius) e à maioria dos processos químicos usados nos óleos comuns! A principal diferença é que não usavam solventes químicos para extrair o óleo das sementes nem adicionavam preservativos e anti-espumantes.
Desapontado, e decidido a encontrar uma fonte de óleos saudáveis para minha família, comecei a procurar mais informações sobre a produção de óleos alimentícios para suplementar meus poucos conhecimentos. Este artigo é o resultado desta pesquisa até agora, e vai lhe fornecer informações necessárias para que você possa selecionar alimentos e óleos mais saudáveis para sua família.
A IMPORTÂNCIA DOS ÁCIDOS GRAXOS
Os ácidos graxos são essenciais para a vida e o funcionamento normal das nossas células. A membrana celular permite a passagem dos sais minerais e das moléculas necessárias para dentro e para fora de nossas células. A membrana celular saudável dificulta a entrada na célula de substâncias químicas perigosas e de organismos como
bactérias, vírus, fungos e parasitas. Essa membrana também tem receptores químicos para os hormônios, que são os principais mensageiros do corpo. Os ácidos graxos participam de incontáveis processos químicos de nosso corpo e são utilizados como "tijolos" na fabricação de alguns hormônios.
Há dois tipos de ácidos graxos - ômega-3 e ômega-6 - que não podem ser fabricados pelo organismo, e assim precisam ser obtidos através dos alimentos. São os chamados "ácidos graxos essenciais" (EFAs, em inglês), e quando existem em quantidade suficiente no corpo são usados para fabricar os outros ácidos graxos de que precisamos.
A suplementação de EFAs na alimentação tem ajudado muitas pessoas com alergias, anemia, artrite, câncer, candidíase, depressão, pele seca, eczemas, fadiga, doença cardíaca, inflamações, esclerose múltipla, tensão pré-menstrual, psoríase, retardamento do metabolismo, infecções virais etc., e facilitado o processo de recuperação de viciados.
GORDURAS "TRANS" E PERTURBAÇÕES QUÍMICAS
Os ácidos graxos existentes na natureza apresentam ligações duplas entre os átomos com uma configuração especial chamada de "cis" pelos bioquímicos. Na ligação do tipo "cis" as moléculas se torcem de forma que os dois átomos de hidrogênio fiquem do mesmo lado da ligação dupla. Isto significa que a ligação entre os átomos é mais fraca por causa da forma irregular, o que provoca um ponto de fusão mais baixo - ou, no dialeto dos supermercados, não são sólidas à temperatura ambiente. Gorduras com ligações do tipo "trans" ou que não tenham ligações duplas ("gorduras saturadas") são sólidas à temperatura ambiente. Para fabricar margarina, adicionam-se átomos de hidrogênio às moléculas de gordura para que fiquem mais saturadas, elevando o ponto de fusão para que o óleo permaneça sólido à temperatura ambiente, ou seja, para que a margarina não escorra pela mesa. Este processo, chamado "hidrogenação", exige a presença de um catalisador metálico e temperaturas em torno de 260°C para que a reação aconteça. Assim, cerca de metade das ligações "cis" transformam-se em ligações "trans".
A hidrogenação passou a ser muito usada nos Estados Unidos porque este tipo de óleo não se estraga nem fica rançoso tão depressa quanto o óleo comum, e assim tem uma vida de prateleira maior. Você pode deixar um cubo de margarina exposto durante anos
e ele não será atacado por fungos, insetos ou roedores. A margarina é um não-alimento! Parece que só os seres humanos são idiotas o bastante para comê-la! Como a gordura da margarina é parcialmente hidrogenada (ou seja, não totalmente saturada), os fabricantes podem dizer que é "poli-insaturada" e vendê-la como alimento saudável.
Muitas outras substâncias químicas gordurosas aparecem quando os óleos são parcialmente hidrogenados. Em "Fatos que Curam, Fatos que Matam", Udo Erasmos afirma: "A quantidade de compostos diferentes que podem surgir durante a hidrogenação parcial é tamanha que desafia a nossa imaginação... Nem é preciso dizer que a indústria não se dispõe a financiar ou divulgar estudos completos e sistemáticos dos tipos de substâncias químicas produzidos e seus efeitos sobre a saúde"1.
Erasmus também cita uma afirmação sobre a hidrogenação feita por Herbert Dutton, um dos químicos mais antigos e famosos a estudar gorduras na América do Norte. Basicamente, ele diz que, por causa dos efeitos conhecidos e desconhecidos destes subprodutos da hidrogenação, os regulamentos governamentais sobre a saúde não permitiriam que o processo fosse usado na produção de alimentos, caso tivesse sido inventado hoje em dia. Outro "efeito colateral" da hidrogenação é deixar um resíduo de metais tóxicos, geralmente níquel e alumínio, no produto final. Estes metais são usados como catalisadores da reação, mas se acumulam em nossas células e sistema nervoso, onde envenenam o sistema enzimático e alteram as funções celulares, colocando a saúde em perigo e provocando grande variedade de problemas. Estes metais tóxicos são difíceis de eliminar sem técnicas especiais de desintoxicação, e nossa "carga tóxica" aumenta muito com pequenas exposições ao longo do tempo. Como estes elementos são cada vez mais presentes no ar, nos alimentos e na água, as doses cumulativas podem ir se somando até chegar com o tempo a níveis perigosos.
Como não existem na natureza gorduras com ligações "trans", nosso organismo não sabe lidar com elas, que acabam agindo como venenos em reações celulares importantes. O corpo tenta usá-las como usaria o tipo "cis", e elas acabam indo parar na membrana celular e em outros lugares onde não deveriam estar.
Nos últimos anos, foram feitas medições de gorduras "trans" na membrana das células vermelhas do sangue humano, e o nível chegou a 20%, quando deveria ser zero. Foram usadas células vermelhas porque são fáceis de conseguir, mas podemos supor que a maioria das outras membranas celulares do corpo
também contêm estas gorduras antinaturais. Os ácidos graxos com ligações "trans" presentes na membrana celular enfraquecem a estrutura da membrana e sua função protetora. Eles alteram a pasagem normal de sais minerais e outros nutrientes pela membrana e permitem que micróbios patogênicos e substâncias químicas tóxicas penetrem na célula com mais facilidade. O resultado: células doentes e enfraquecidas, mau funcionamento do organismo e um sistema imunológico exausto - em resumo, queda da resistência e aumento do risco de doenças.
As gorduras "trans" também podem desorganizar o mecanismo normal do organismo de eliminação do colesterol. O fígado costuma lançar o excesso de colesterol na bile e enviá-lo para a vesícula, que se esvazia no intestino delgado logo abaixo do estômago. As gorduras "trans" bloqueiam a conversão normal do colesterol no fígado e contribuem para elevar o nível de colesterol no sangue. Também provocam um aumento da densidade de lipoproteínas de baixa densidade (LDLs), considerada um dos principais causadores de aterosclerose (endurecimento das artérias). Além disso, as gorduras "trans" reduzem a quantidade de lipoproteínas de alta densidade (HDLs), que ajudam a proteger o sistema cardiovascular dos efeitos nocivos das LDLs. As gorduras "trans" também aumentam o nível de apolipoproteína A, uma substância do sangue que é outro fator de risco das doenças cardíacas. Na verdade, já se demonstrou que as gorduras "trans" provocam efeitos piores do que as gorduras animais saturadas.
Outro efeito negativo das gorduras "trans" na dieta é o aumento dos hormônios pró-inflamatórios do corpo (prostaglandina E2) e a inibição dos tipos anti-inflamatórios (prostaglandinas E1 e E3). Esta influência indesejada das gorduras "trans" sobre o equilíbrio das prostaglandinas pode deixar você mais vulnerável a condições inflamatórias que vão custar a sarar. As prostaglandinas também controlam muitas funções metabólicas. Quantidades mínimas delas podem provocar grandes mudanças nas reações alérgicas, na pressão sanguínea, na coagulação, nos níveis de colesterol, na atividade hormonal, na função imunológica e na resposta inflamatória, para citar apenas algumas de suas ações.
Muitos destes problemas causados pelas gorduras "trans" já são conhecidos, ou ao menos alvo de suspeitas, há 15 ou 20 anos, mas foram amplamente ignorados nos Estados Unidos. Na Europa, o uso de gorduras "trans" em alimentos é restrito, e alguns países só permitem a presença de 0,1% de ácidos graxos "trans". Pelo contrário, as margarinas americanas podem conter até 30% ou 50%! É claro que a indústria alimentícia nega que isto seja um problema. Mas continuam aumentando as provas científicas de que as gorduras "trans" contribuem para as doenças cardíacas e possivelmente para
outros tipos de doença. Mesmo a conservadora "Harvard Health Letter" refere-se a elas como "o novo inimigo"2.
INTERESSES DISFARÇADOS
Segundo o dr. Russel Jaffe, conhecido médico pesquisador, os criadores de porcos não oferecem gorduras "trans" a seus animais porque os porcos morrerão se as comerem. Quando o dr. Jaffe procurou o Departamento de Agricultura, descobriu que os técnicos sabiam disso, mas não estavam interessados nos possíveis efeitos sobre humanos, já que esta última área não estava sob sua jurisdição. A secretaria americana de alimentos e remédios (FDA) também nada fez a respeito. O fato de que a indústria alimentícia conseguiu esconder tão bem estes fatos do conhecimento público mostra o seu poder político junto aos círculos governamentais e científicos.
A indústria alimentícia financia muitas pesquisas. Os pesquisadores sabem que é fácil prever o resultado de um estudo: basta conhecer quem está financiando. Desta forma, é tolice aceitar cegamente as notícias da imprensa sobre "as últimas pesquisas" sem considerar quem pagou por elas. Há algumas fundações por aí, de aparência bastante científica, que na verdade são organizações de fachada da indústria alimentícia3.
A GORDURA EM NOSSA DIETA
A margarina não é o único produto de supermercado a conter quantidade significativa de gorduras "trans". Qualquer "alimento" que tenha as palavras "hidrogenado" ou "parcialmente hidrogenado" no rótulo contém gorduras "trans" e deveria ser evitado. Você vai ficar surpreso ao descobrir quantos produtos na sua cozinha contêm gorduras "trans". Entre eles estão pão, biscoitos e salgadinhos, óleos vegetais refinados e manteiga de amendoim. A maioria das marcas de manteiga de amendoim (muito usada nos Estados Unidos) contém açúcar ou xarope de milho, que exigem demais do pâncreas e são facilmente convertidos em gordura pelo corpo.
Assim, leia sempre o rótulo dos alimentos industrializados e evite os que contenham óleo ou gordura hidrogenada ou parcialmente hidrogenada!
Evite também produtos que contenham óleo de semente de algodão. O algodão não é um produto alimentício e é tratado com pesticidas altamente tóxicos - parte dos quais vai acabar no óleo. Segundo o dr. Jaffe, o óleo de semente de algodão também contém ácidos graxos tóxicos semelhantes aos existentes no óleo de
semente de mostarda, que foi usado há 30 anos e acusado de provocar várias mortes antes de ser retirado do mercado. Esses ácidos graxos provocaram doenças quando oferecidos a cães e porcos. O óleo de semente de algodão costuma ser usado para fritar batatas e é encontrado em vários alimentos industrializados.
Hoje em dia, a opinião predominante entre os médicos é de que as gorduras são nocivas e devem ser limitadas em nossa dieta. Ao levar em conta o tipo de gordura que costuma ser consumido nos Estados Unidos, esta talvez seja uma boa idéia. Mas vários estudos mostraram que a quantidade de gordura não é tão importante quanto a sua qualidade e o equilíbrio entre os vários tipos de gordura. Na verdade, os ácidos graxos essenciais (já mencionados) ajudam a controlar os tipos de colesterol fabricados pelo corpo e ajudam a evitar doenças cardíacas. Assim, seria mais prudente reduzir em nossa dieta as gorduras saturadas e as gorduras "trans" antinaturais e aumentar as gorduras essenciais. Muitos cientistas agora defendem esta mudança de ênfase.
O dr. Edward Siguel é um pesquisador premiado que foi convidado a estudar os ácidos graxos no Framingham Cardiovascular Offspring Study. Ele publicou recentemente um livro chamado "Ácidos Graxos Essenciais na Saúde e na Doença"4 . O dr. Siguel desenvolveu um teste de sensibilidade para determinar a quantidade dos vários ácidos graxos encontrados em seres humanos, e descobriu uma relação bem definida entre gorduras "trans" e doença cardíaca. Ele também descobriu que muitas pessoas com doenças cardíacas têm baixo nível de ácidos graxos essenciais. Numa palestra no Segundo Simpósio Anual de Medicina Funcional em 1994, ele afirmou que a insuficiência de ácidos graxos essenciais pode estar por trás de muitas doenças crônicas comuns em sociedades ocidentais. Ele também chamou a atenção para o fato de que dietas pobres em gordura e não baseadas em alimentos integrais podem ser nocivas: "Indivíduos que mantenham peso normal ou baixo comendo alimentos industrializados de pouco valor calórico e com baixo nível de gordura, como cereais, pães e massas vendidos em supermercados, correm sério risco de insuficiência de ácidos graxos essenciais (...) associada ao uso de gorduras hidrogenadas, levando a níveis elevados de ácidos graxos 'trans' na circulação sanguínea (...)"
O leite de muitas mães americanas também apresenta um excesso de gorduras "trans" e baixo nível de ácidos graxos ômega-3. O dr. Donald Rudin, em seu livro "O fenômeno ômega-3", afirmou: "O leite das mães americanas costuma ter apenas entre um quinto e um décimo do conteúdo de ômega-3 do leite que as mães nigerianas bem nutridas de sementes e castanhas dão a seus filhos."5
A Divisão de Pesquisa Nutricional da Health Canada publicou recentemente um estudo esclarecedor. Os pesquisadores analisaram o leite de 198 mães em aleitamento em todo o Canadá, e descobriram que os ácidos graxos "trans" respondiam em média por 7,2% do conteúdo total de ácidos graxos, sendo que a faixa de resultados ia de 0,1% a 17,2%. A análise posterior dessas gorduras "trans" mostrou que sua origem principal eram os óleos vegetais parcialmente hidrogenados (ou seja, margarina). Os pesquisadores também perceberam que a elevação do nível dessas gorduras "trans" aconteceu à custa dos ácidos graxos essenciais, colocando assim o bebê sob um risco duplo num período crucial de seu desenvolvimento6.
Os dois tipos de ácidos graxos essenciais são necessários para o desenvolviemento correto dos tecidos do feto e do bebê, especialmente o sistema nervoso. Segundo John Finnegan, em "Fatos sobre a gordura", os ômega-3 afetam especialmente as partes do cérebro ligadas à capacidade de aprendizado, à ansiedade ou depressão e à percepção auditiva e visual. Também ajudam a equilibrar o sistema imunológico7. Um estudo feito em 1991 pela Clínica Mayo com 19 mulheres grávidas "normais", alimentadas com dietas "normais", mostraram que todas elas tinham deficiência de ácidos graxos ômega-3 e, em menor escala, dos ômega-6. Os pesquisadores recomendaram a suplementação de ácidos graxos ômega-3 em todas as gestações, e que as mulheres evitassem gorduras refinadas e hidrogenadas durante a gravidez8.
Um estudo publicado na Revista Americana de Nutrição Clínica mostra uma diferença dramática entre as taxas de doenças cardíacas das populações do norte e do sul da Índia9. Os do norte comiam carne e tinham alto nível de colesterol. Sua principal fonte de gordura na alimentação era o ghee (manteiga clarificada). Os do sul eram vegetarianos e tinham níveis de colesterol muito mais baixos. A "sabedoria" atual diria que os vegetarianos teriam a menor taxa de doenças cardíacas, mas na verdade o contrário é que era verdade. Os vegetarianos tinham uma taxa 15 vezes maior de doenças cardíacas do que a de seus patrícios do norte. Qual a razão de diferença tão surpreendente? Além da oposição entre carne e vegetais, a maior diferença na dieta era que os do sul haviam substituído o ghee tradicional (um alimento de verdade) pela margarina e pelos óleos vegetais refinados e poli-insaturados. Vinte anos depois, a revista médica britânica "The Lancet" observou um aumento das mortes por ataque cardíaco entre os indianos do norte10. Eles também haviam substituído o ghee de suas dietas pela margarina e pelos óleos vegetais refinados.
Há cem anos, as doenças cardíacas eram quase desconhecidas. Hoje, dois terços dos cidadãos americanos desenvolvem doenças do coração. É claro que aconteceu algo de errado na forma como vivemos, e um dos principais fatores pode bem ser a introdução de óleos super-refinados, superprocessados e desvitalizados.
Outros estudos sustentam esta idéia. Por exemplo, uma pesquisa da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard indicou que a ingestão de óleos vegetais parcialmente hidrogenados pode aumentar o risco de ataque cardíaco11. A pesquisa do dr. Siguel também deu mais peso à teoria de que os ácidos graxos "trans" da dieta são um fator de risco nas doenças do coração12.
Um relatório do Conselho de Nutrição da Dinamarca afirmou que vários estudos sugerem que os ácidos graxos "trans" da margarina são tão ou mais responsáveis pelo desenvolvimento da aterosclerose quanto os ácidos graxos saturados. Eles recomendam a redução do conteúdo de ácidos graxos "trans" em todas as margarinas dinamarquesas a no máximo 5% (era então de 0 a 30%)13.
Outro estudo feito em Boston pelo Departamento de Nutrição da Escola de Saúde Pública de Harvard analisou a dieta de 239 pacientes internados em hospitais da cidade depois de seu primeiro ataque cardíaco, e comparou-a com a dieta de um grupo de controle de 282 pessoas saudáveis. Depois de dar o desconto dos vários estilos de vida, descobriram que a ingestão de margarina associava-se de forma significativa com o risco de infarto do miocárdio14.
Uma estudo da Escola de Medicina de Harvard acompanhou mais de 85.000 mulheres num período de oito anos. Os pesquisadores compararam a dieta das que desenvolveram doenças cardíacas com a das que nada tiveram. Descobriram que as principais fontes de gorduras "trans" na alimentação, como a margarina, estavam associadas de forma significativa com o risco maior de doença coronária e cardíaca15.
PROBLEMAS COM O PROCESSAMENTO COMERCIAL
Os óleos vegetais refinados e poli-insaturados tornaram-se muito populares nos Estados Unidos desde que a onda anticolesterol começou há muitos anos e os médicos passaram a promover seu uso. Quando preparados e utilizados da forma correta, alguns desses óleos são fontes saudáveis de ácidos graxos essenciais. Infelizmente, o processo padrão de refino industrial destrói os ácidos graxos essenciais e cria altos níveis de ácidos graxos "trans", ao mesmo tempo que remove importantes elementos e agentes protetores naturais, como sais minerais e vitamina E.
Em "Fatos sobre gordura" e "Gorduras que curam, gorduras que matam", John Finnegan e Udo Erasmus descrevem o processo comum de refino comercial dos óleos vegetais. Começa com sementes que podem conter alto nível de agrotóxicos (pesticidas e herbicidas). As sementes são esmagadas e sujeitas a uma série de tratamentos químicos em temperaturas acima de 270°C. Esses tratamentos incluem o uso de solventes tóxicos, soda cáustica, preservantes e anti-espumantes, e resultam na destruição dos ácidos graxos essenciais, na perda de vitaminas e sais minerais e na formação de ácidos graxos "trans" e radicais livres. Este é exatamente o contrário do que seria desejado. Tudo isso em nome de uma vida mais longa na prateleira e da aceitação do consumidor (o que sobra parece limpo e bonito!). Isso também acontece com a gordura dos alimentos industrializados, ou seja, quase tudo que vem numa lata ou numa caixa. Lembre-se de ler as letras miúdas dos rótulos!
Segundo Finnegan e Erasmus, os óleos "prensados a frio" encontrados nas lojinhas naturais não são garantia de qualidade. O processo usado ainda gera temperaturas acima de 90°C, e a maioria desses óleos são refinados e desodorizados com o mesmo processo destruidor de nutrientes usados nos óleos comerciais de "supermercado".
Tome cuidado com inscrições como "orgânico" e "natural", porque nos Estados Unidos já houve casos de interpretações fraudulentas destas palavras. Algumas empresas foram flagradas mentindo sobre a origem de suas sementes e usando sementes comerciais comuns em vez de sementes realmente orgânicas (no sentido de não terem agrotóxicos etc.). Houve até mesmo casos de empresas que simplesmente reembalaram óleos e maioneses comuns com um rótulo de "natural" para cobrar preços mais altos pela mercadoria.
Finnegan menciona duas agências confiáveis de certificação nos Estados Unidos: FVO (Farm Verified Organic - orgânico verificado na fazenda) e OCIA (Organic Crop Improvement Association - Associação de Desenvolvimento da Agricultura Orgânica). Ele conta que só duas empresas seguem seus critérios na produção de óleos naturais: a Omega Nutrition, em Ferndale, e Flora Inc., em Lynden, ambas no estado de Washington. Ele também entrou em contato com um dos mais conhecidos fabricantes de óleos "naturais" do país, que não quis discutir os métodos de processamento de óleo e não lhe permitiu visitar a fábrica.
É preciso notar que, além do calor, a luz e o oxigênio provocam sérios danos aos óleos. Segundo Erasmus, a luz destrói o óleo mil vezes mais depressa que o oxigênio, por isso é importante comprar óleos não refinados embalados em garrafas pretas à
prova de luz. O oxigênio pode ser extraído da garrafa e substituído por um gás inerte, como nitrogênio ou argônio. A Omega Nutrition embala seus óleos desta forma. Os óleos Flora são embalados em vidro escuro, que reduz a quantidade de luz mas não a elimina. Embora sejam muito mais caros, esses óleos valem o que custam, levando em conta os fatos apresentados neste artigo.
O EQUILÍBRIO ENTRE OS ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS E NOSSA SAÚDE
Os dois grupos de ácidos graxos essenciais - ômega-3 e ômega-6 - recebem este nome por causa de sua configuração molecular e do lugar onde aparece a primeira ligação "insaturada" na cadeia de átomos de carbono da molécula.
Os óleos ômega-6 são encontrados principalmente nos vegetais e nas sementes. São convertidos em prostaglandinas E1 (já mencionadas) depois de vários processos quimicos. A maioria das pessoas ingere quantidade suficiente desses ácidos graxos, mas algumas têm dificuldade de convertê-los nas prostaglandinas ativas. Este bloqueio costuma ser causado pelo excesso de gorduras "trans", por medicamentos anti-inflamatórios como aspirina ou Tylenol e por deficiências de vitamina B6 ou de magnésio. A insuficiência de ácidos graxos ômega-6 pode provocar problemas no sistema auto-imune, dor e caroços nos seios, eczema, hiperatividade em crianças, hipertensão, inflamações e tensão pré-menstrual. A suplementação alimentar com óleo de sementes de borragem, prímula ou uva pode compensar o bloqueio e fornecer os elementos essenciais para a fabricação da prostaglandina necessária.
O dr. Siguel descobriu que a deficiência de ômega-3 é mais comum em nossa dieta ocidental. Por causa da industrialização dos alimentos e da preferência cultural, a dieta ocidental média contém apenas um sexto da quantidade de ácidos graxos ômega-3 necessários para o funcionamento saudável do organismo - em vez do equilíbrio de 100 anos atrás. Tudo indica que a deficiência de ácidos graxos ômega-3 está associada à artrite e a problemas nas articulações, à síndrome do intestino irritado, à tensão pré-menstrual, a problemas de próstata, a várias afecções de pele e à depressão, às fobias e à esquizofrenia.
As duas principais fontes de ômega-3 são o óleo orgânico de sementes de linhaça e de peixes de água fria (como bacalhau, sardinha, atum, truta e salmão). Esses peixes não deveriam ser fritos, por causa do efeito da alta temperatura e da resultante emissão de radicais livres. Diferentemente da galinha e do peru, os peixes de água fria deveriam ser comidos com a pele, já que é ali que há a maior concentração de gorduras desejáveis.
Muita gente se preocupa com o consumo freqüente de peixes, por causa da poluição química e de metais pesados no oceano. Os peixes predadores concentram estes poluentes em seu tecido gorduroso, mas os peixes oceânicos costumam ser menos atingidos que os peixes costeiros. É melhor evitar peixes vindos de águas próximas a áreas agrícolas, industriais ou de mineração, por causa do alto nível de ingestão de substâncias tóxicas. Peixes de criadouro são alimentados com ração industrial, e também devem ser evitados; não são saudáveis e têm níveis insignificantes de ácidos graxos ômega-3.
Quando processado de forma apropriada, o óleo de sementes de linhaça tem a maior concentração de ácidos graxos ômega-3, ou seja, 57%. Os ômega-3 também são encontrados em alguns outros óleos vegetais não-refinados, como os de soja e canola, mas em quantidade muito menor. O óleo de linhaça é muito sensível e deve ser processado em condições controladas (a frio, sem luz nem oxigênio), embalado com nitrogênio em garrafas escuras para evitar a oxidação e transportado e exposto sob refrigeração.
Embora todos os óleos não-refinados e insaturados devessem ser processados, embalados e distribuídos desta forma, a grande maioria deles não é. As companhias acima mencionadas usam estes métodos especiais, e é possível comprar seus óleos com alguma certeza de estar adquirindo um produto saudável. Temos usado os óleos das duas companhias nos últimos anos e estamos muito satisfeitos. Embora mais complicados e caros, algum dia esses métodos terão um papel muito importante na redução de várias doenças degenerativas, muito mais caras a longo prazo, especialmente em termos de sofrimento e perda de potencial humano.
Os alimentos mais saudáveis são cultivados organicamente e devem ser consumidos na forma mais próxima de seu estado natural. Nos Estados Unidos, é possível encontrar sementes e grãos de boa procedência nas cooperativas de alimentos naturais. O consumo de sementes e alimentos cultivados organicamente é recomendado para minimizar a ingestão de produtos químicos e otimizar o conteúdo nutritivo. Ao consumir alimentos integrais, absorvemos uma gama complexa de nutrientes que trabalham juntos de forma natural na intrincada química que mantém nosso corpo funcionando, mas muitos desses nutrientes naturais se perdem no processamento industrial.
Mesmo os maiores esforços humanos para produzir alimentos e óleos industrializados saudáveis acabam ficando aquém das conquistas da Natureza. Os melhores óleos são fornecidos pela natureza, embalados da melhor forma possível para evitar a oxidação de seu precioso conteúdo. Sementes de linhaça orgânicas recém-moídas contêm óleo fresco (protegido pela película) e sua fibra é a
fonte mais rica das substâncias chamadas "ligninas", possuidoras de potentes propriedades anticâncer, antibacterianas, antfúngicas e antivirais. A fibra da linhaça tem de 100 a 800 vezes mais ligninas do que as outras fontes de fibras. Esta é uma forma barata e saborosa de assegurar a ingestão adequada de ácidos graxos ômega-3 (ver as instruções abaixo). Se preferir, você pode comprar (nos Estados Unidos) óleo de linhaça de boa qualidade em garrafas ou cápsulas. Veja apenas se descobre como o óleo é processado! As empresas Flora e Omega Nutrition fornecem óleo de linhaça de boa qualidade em garrafas e cápsulas.
AS VELHAS E BOAS ALTERNATIVAS SAUDÁVEIS
Há várias outras formas de melhorar seu equilíbrio de ácidos graxos e evitar a armadilha das gorduras "trans":
- Coma sementes de linhaça recém-moídas todos os dias. Coloque três colheres de sopa de sementes num liquidificador ou moedor de café para obter cerca de uma colher de óleo (misturado com a fibra). Isto se aproxima da dose diária recomendada de óleo omega-3 para uma pessoa média. Pode ser misturado com cereais, batido até virar uma pasta ou servido com iogurte. Você pode também misturar com suco de maçã morno (quente, não!) e juntar pedacinhos de banana ou outra fruta para obter um prato saboroso e nutritivo que satisfaz e fará maravilhas pelo funcionamento do intestino! E coma as sementes moídas dentro de no máximo 10 a 15 minutos, para reduzir o problema da oxidação. Mas tome cuidado: em testes alérgicos encontrei várias pessoas (como minha esposa e eu) alérgicas ao óleo de linhaça, e outras alérgicas às sementes de psyllium, geralmente usadas por causa de seu conteúdo de fibras.
- Use manteiga em vez de margarina ou gordura vegetal hidrogenada para cozinhar. A manteiga também tem seus problemas, como resíduos de hormônios e agrotóxicos, mas é um alimento integral. Alimentos integrais têm nutrientes que atuam sobre sua própria gordura se ingeridos com moderação. Se quiser usar manteiga, prefira a que for produzida organicamente.
- Uma alternativa ainda melhor é o ghee orgânico, ou manteiga clarificada, como mencionado anteriormente. Ghee é a gordura culinária que os cozinheiros indianos e franceses têm em mais alta conta. Tem um aroma agradável e não queima, não solta fumaça nem desenvolve compostos tóxicos ao ser aquecida.
- A gordura de coco orgânica e não refinada é outra alternativa à manteiga comum em sua dieta. A empresa Omega Nutrition vende este produto. No entanto, a maioria dos outros produtos com gordura de coco são hidrogenados. O óleo de coco tem sido sujeito a uma campanha difamatória pelos fabricantes de óleos vegetais comerciais, mas as pesquisas que citam usaram óleo de coco hidrogenado, o que pode ter distocido os resultados.
- Use azeite de oliva ou uma mistura meio a meio de ghee e azeite de oliva. Não frite nem refogue com óleos leves "poli-insaturados", como os de açafrão, girassol ou milho. Com a alta temperatura eles se oxidam rapidamente, formando radicais livres. Os radicais livres são moléculas muito reativas que podem penetrar em suas células e dar início a reações em cadeia prejudiciais que deixam para trás vários danos, como alterações do código genético (DNA) e formação de células cancerosas. Muitos consideram que os radicais livres têm papel predominante nas doenças degenerativas. Embora não haja quase nenhum ácido graxo essencial no óleo de oliva, ele é rico em ácidos graxos "mono-insaturados" e não se oxida tão facilmente. Use um azeite "extra-virgem de primeira extração, prensado a frio", de preferência de cor esverdeada e com algum sedimento no fundo, o que costuma indicar pouco processamento. Muitas lojas naturais nos Estados Unidos vendem este tipo de azeite.
- Se você for alérgico a leite, sempre se pode substitur a margarina ou a manteiga das receitas por uma mistura meio a meio de xarope de maçã (suco de maçã fervido por muito tempo até virar quase uma geléia, comum nos Estados Unidos) e óleo de açafrão, girassol ou canola orgânico e não refinado. Testamos em massas de torta e bolos e o resultado foi ótimo. Tentamos substituir por óleo de canola sozinho, mas a massa ficou meio seca e esfarelenta.
- Experimente manteiga de amendoim não hidrogenada, encontrada em algumas lojas naturais nos Estados Unidos. A parte sólida se separa, e o óleo flutua no alto da embalagem. A melhor marca é, provavelmente, Arrowhead Mills. Eles secam ao sol os amendoins cultivados organicamente, para evitar o fungo que produz a aflatoxina, que é tão tóxica quanto o nome sugere. A maioria dos produtos de amendoim comerciais contêm aflatoxina, além de resíduos de agrotóxicos. Manteigas de amêndoa ou nozes contêm gorduras mais saudáveis do que a manteiga de amendoim, sem o problema do fungo. Nos Estados Unidos, elas são vendidas em lojas e cooperativas naturais.
- Prefira o óleo que vem em garrafas seladas e evite os óleos vendidos a granel nas cooperativas, já que costumam estar rançosos (novamente os radicais livres). O óleo rançoso tem gosto amargo quando você pinga uma gota na língua, e não deve ser consumido.
- Sempre refrigere o óleo depois de aberto. É melhor refrigerar os óleos não refinados logo que você comprá-los, para prolongar sua vida na embalagem. Se não estiverem em garrafas opacas, guarde-os ao abrigo da luz.
- Quanto mais você ingerir gorduras insaturadas como óleos vegetais e óleos de peixe (EPA/DHA ômega-3), mais vai precisar de proteção antioxidante contra os danos dos radicais livres. Se você toma suplementos de óleo de peixe ou de prímula, ou usa óleos poli-insaturados, tome mais vitamina E. A dose diária recomendada de vitamina E fica entre 300 e 400 UI por dia, e provavelmente a melhor forma de ingeri-la é através de "tocoferóis mistos". Muitos estudos demonstram sua eficácia na redução do risco de doenças cardíacas, artrite e outras doenças relacionadas com radicais livres. Como a vitamina C é usada para regenerar a vitamina E "usada", um suplemento de 500 a 1.000 mg de vitamina C por dia também é uma medida prudente.
- Os óleos e suplementos mais caros não poderão compensar a dieta e o estilo de vida pouco saudáveis. Use o bom senso e consulte um profissional de saúde consciente da importância da nutrição quando se sentir preocupado com sua saúde. Os livros do dr. Dean Ornish16 e do dr. John McDougall17 oferecem muitas idéias excelentes de dieta e estilo de vida, e recomendo-os como fonte de informações dietéticas básicas, embora seus programas prescrevam uma ingestão baixa demais de gorduras. Assim, para assegurar a ingestão adequada de ácidos graxos essenciais, você vai precisar de algumas nozes e sementes orgânicas, além de óleos de boa qualidade (como os que mencionamos acima) para suplementar essas dietas de baixo nível de gordura.
AUMENTANDO A CONSCIÊNCIA PÚBLICA
Ainda há gente teimosa na comunidade "científica", em especial os que são funcionários ou patrocinados pela indústria alimentícia, que alegam não haver provas suficientes de que as gorduras "trans" são perigosas, e citam estudos que justificam sua opinião. Este é o jogo da "ciência" moderna, no qual estão envolvidos egos e dinheiro.
No entanto, a maioria dos estudos recentemente publicados apóia a idéia de que essas gorduras quimicamente alteradas são nocivas. Nestes casos de conflito, sempre fico do lado da Mãe Natureza; ela é mais sábia do que qualquer um de nós!
Lembre-se de que a maior parte destas informações sobre gorduras "trans" já é conhecida há muitos anos, mas a indústria conseguiu manter o tema longe dos olhos do público: este é mais um exemplo do comportamento (o comprador que se cuide) da indústria alimentícia. Agora que você já sabe, cuide-se! Boa sorte, e boa saúde!
NOTAS:
1. Erasmus, Udo, Ph.D., Fats that Heal, Fats that Kill, Alive Books, Burnaby, BC, Canadá, 1987, 1993. 2. Harvard Health Letter, Summer 1994. 3. Jaffe, Russell, M.D., Lipids (áudio-tape), 1992. 4. Siguel, Edward, M.D., Ph.D., Essential Fatty Acids in Health and Disease, Nutrek Press, Brookline, MA, EUA, 1995. 5. Rudin, Donald, M.D., e Felix, Clara, The Omega-3 Phenomenon, Rawson, New York, EUA, 1987. 6. Lipids, Março de 1996, 31:Suppl:S27982. 7. Finnegan, John, N.D., The Facts About Fats, Celestial Arts Publishing, Berkeley, CA, EUA, 1993. 8. "Deficiency of essential fatty acids and membrane fluidity during pregnancy and lactation", Biochemistry, Proceedings of the National Academy of Sciences, EUA, vol. 88, junho de 1991. 9. American Journal of Clinical Nutrition, 1967, 20:462-475. 10. The Lancet, 14 de novembro de 1987. 11. Circulation, janeiro de 1994, 89(1):94-101. 12. American Journal of Cardiology, 1993, 71:916-920. 13. Clinical Science, April 1995, 88(4):375-92. 14. Circulation, ibid. 15. The Lancet, março de 1993, 341(8845):581-5. 16. Ornish, Dean, M.D., Dr Dean Ornish's Program for Reversing Heart Disease, Ballantine Books, New York, EUA, 1990. 17. McDougall, John A., M.D., The McDougall Program, Plume (Penguin Books), New York, EUA, 1991.
* Morrison, Robert Thornton, e Boyd, Robert Neilson, Organic Chemistry, Allyn & Bacon, Inc., Boston, EUA, 1973, 1979, 3ª ed.
Sobre o autor:
O dr. Dane Roubos, B.Sc., D.C., D.A.B.C.I., estuda nutrição há 25 anos e é fisioterapeuta há 14 anos. É formado pelo American Board of Chiropractic Internists, e hoje em dia dá aulas em tempo integral no Northwestern College of Chiropractic em Minnesota. Ele se dedica a ajudar as pessoas a viverem mais perto da Terra, do espírito e da alma interior.

Resumo do livro Sobre a morte e o morrer

Sobre a morte e o
morrer
Autora: Elisabeth Kubler-Ross
Tradução: Paulo Menezes
INTRODUÇÃO
Antigamente, a morte de crianças era freqüente e poucas eram as
famílias que não tinham perdido um parente. A medicina progrediu nas últimas
décadas. A vacinação erradicou muitas doenças, a quimioterapia e o uso de
antibióticos, contribuiu para que diminuísse o número de casos de doenças
infecciosas. Uma educação melhor ocasionou um baixo índice da mortalidade
infantil. As várias doenças que disseminaram a população de jovens e adultos
foram dominadas. Cresce o número de idosos, e com isto aumenta o número
de vítimas de tumores e doenças crônicas. Aumentou o número de pacientes
com distúrbios psicossomáticos e problemas de comportamento.
Os médicos cuidam de pacientes mais velhos que procuram não viver somente
com suas limitações e habilidades físicas diminuídas, mas, também aprender a
enfrentar a solidão e o isolamento em que vivem.
O livro “Sobre a morte e o morrer” tenta demonstrar na prática através
de relatos de experiências reais às pessoas diversas situações em que
indivíduos por algum motivo deparam com a morte, seja ele um moribundo ou
um ente que acompanha o estágio final de alguém querido. Além destes relatos
o livro faz comentários interessantes aos profissionais de saúde á equipe
multiprofissional mais precisamente de como lidar com as diversas situações
da morte em si.
2
Capítulo I
Sobre o temor da morte
As mudanças ocorridas nas últimas décadas são responsáveis pelo
crescente medo de morrer, pelo aumento dos problemas emocionais e pela
grande necessidade de compreender e lidar com os problemas da morte e do
morrer. Em nosso inconsciente, a morte nunca é possível quando se trata de
nós mesmos. É inconcebível morrer de causa natural ou idade avançada. A
morte está ligada a uma ação má, a um acontecimento medonho.
A criança vê a morte como algo não permanente, quase não diferenciando de
um divórcio entre seus pais. Quando crescemos e percebemos que nossos
desejos mais fortes, não tem força suficiente para tornar possível o impossível,
desaparece o medo de ter contribuído para a morte de um ente querido e,
conseqüentemente some a culpa, mas, o medo de morrer permanece
“escondido”, só enquanto não for fortemente despertado. Uma criança de cinco
anos que perde a mãe tanto se culpa pelo desaparecimento dela, como se
zanga porque ela a abandonou.
A morte constitui ainda um acontecimento medonho, pavoroso, um medo
universal, mesmo sabendo que podemos dominá-lo algumas vezes. Quando
permitimos que um paciente, termine seus dias no querido ambiente familiar,
isto requer dele, uma melhor adaptação da morte. O fato de permitirem que as
crianças continuem em casa, onde ocorreu uma desgraça, e participem da
conversa, das discussões e dos temores, faz com que não se sintam sozinhas
na dor.
Morrer é triste demais sob vários aspectos, sobretudo é muito solitário e
desumano. Morrer se torna um ato solitário e impessoal, porque o paciente é
removido de seu ambiente familiar e levado ás pressas para uma sala de
emergência. O caminho para o hospital é o primeiro capítulo da morte.
Quando um paciente está gravemente enfermo, é tratado como alguém sem
direito a opinar. Quase sempre é outra pessoa quem decide sobre si, quando e
onde um paciente deverá ser hospitalizado. Devemos lembrar que o doente
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também tem sentimentos, desejos, opiniões e acima de tudo, o direito de ser
ouvido. Pouco a pouco, começa a ser tratado como um objeto. Decisões são
tomadas sem o seu parecer.
O paciente está sofrendo bem mais, talvez não fisicamente, mas
emocionalmente. Suas necessidades não mudaram através dos anos, mudou
apenas nossa aptidão em satisfazê-las.
Capitulo II
Atitudes diante da morte e do morrer
O relacionamento humano e interpessoal vem perdendo cada vez mais
espaço na nossa sociedade, sendo substituído pelo contato cada vez menor,
concentrando seu valor nos números e nas massas do que no próprio
indivíduo. Podemos observar essa tendência como o exemplo da substituição
do contato entre o professor e o aluno, pelo ensino a distância, que atinge um
número cada vez maior de pessoas de uma forma despersonalizada. O aluno é
incentivado a desenvolver técnicas, e novas pesquisas, o relacionamento
interpessoal muitas vezes não é enfatizado.
Com o avanço rápido da tecnologia e novas conquistas científicas, os homens
tornaram-se capazes de desenvolver novas armas aumentando seu poder de
destruição em massa, somos forçados a lidar com a morte em grande escala
em várias oportunidades, onde não paramos para refletir sobre tal condição e
muitas vezes em nosso subconsciente, agradecemos por não ter acontecido
conosco. Não pensamos em nossa própria morte não somos capazes de
enfrentar essa possibilidade.
Outro ponto relevante é a religião, antigamente as pessoas viam na morte uma
possibilidade de redenção acreditavam que se sofressem na terra, sua morte
seria um alívio, e também acreditavam na vida após a morte, uma vida melhor
que na terra, hoje em dia a religião tem levado um número menor de adeptos
que vão aos templos mais pelo encontro social do que pela própria crença.
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Em suma não estamos preparados para morrer, nem para lidar com a morte ao
nosso redor simplesmente tentamos evitá-la, como se desse modo
estivéssemos protegidos, seria melhor não falar sobre um tema que não nos é
agradável, porém principalmente em nosso meio, da medicina, precisamos nos
preparar para enfrentar tal situação.
Com o desenvolvimento de novas tratamentos, estamos prolongando cada vez
mais a vida de nossos pacientes, sem a preocupação com o ser humano, mas
com as máquinas que podem prolongar a vida. Juntamente com essa
preocupação devemos nos ater ao paciente e na relação médico-paciente,
fundamental para esse processo tão difícil de enfrentamento da morte.
Em contra partida o livro procura descrever atitudes das pessoas em
fase terminal diante da morte e o morrer, procura relatar experiências pessoais
extraindo dados que nos auxiliam na compreensão desse processo através da
experiência pessoal de cada um que enfrenta tal condição.
Nesse processo, de entrevistas, foram relatadas inúmeras dificuldades pela
autora, uma vez que a equipe médica não desenvolve o hábito de esclarecer o
paciente sobre a sua real situação, muitas vezes se esquivando desses
pacientes, como se essa atitude fosse diminuir tal sofrimento, e o que foi
percebido foi justamente o contrário, os pacientes desejavam relatar suas
experiências suas angústias seus anseios diante da morte.
Tal trabalho foi feito com auxílio dos padres e estudantes, coletando-se
inúmeros relatos e depois discutindo- se a respeito sob diferentes perspectivas,
religiosas, filosóficas, psicológicas, enfim uma maneira de avaliar essa situação
sob diferentes visões buscando sua compreensão. Através dessas entrevistas
foi feita uma sequência de fases pelas quais o paciente passa, diante da morte
e do morrer. O trabalho foi desenvolvido com muito respeito e cautela para com
os pacientes, de uma forma espontânea, esses pacientes buscavam a equipe
pois os mesmos queriam ser ouvidos, e compartilhar com os demais. Percebese
em tal atitude a importância do diálogo e das relações interpessoais, como
são fundamentais nesse processo.
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Capitulo III
Primeiro estágio: negação e isolamento
O primeiro sentimento relatado na pesquisa diante de uma notícia de
doença terminal foi a negação, por parte dos pacientes, independente do modo
como tomaram conhecimento dessa condição, seja pelo médico, no início da
doença ou até mesmo depois, a fase de negação foi observada em todos os
pacientes.
A negação, ou pelo menos a negação parcial, é usada por quase todos os
pacientes, ou nos primeiros estágios da doença ou logo após a constatação, ou
às vezes numa fase posterior. Esses pacientes podem considerar a morte
durante certo tempo, mas precisam deixar de lado tal perspectiva para lutar
pela vida.
Neste estágio, o sentimento de negação funciona como um pára choque, para
que o paciente se acostume com tal situação, porém não significa que o
paciente não queira conversar em um momento oportuno sobre a sua morte
próxima é preciso aguardar tal momento de acordo com os sinais
demonstrados pelo próprio paciente. É melhor falar sobre a morte e o morrer
bem antes que isso ocorra desde que o paciente queira, pois um indivíduo
saudável pode tratar melhor o assunto, e até mesmo a família pode se preparar
de uma forma melhor para enfrentar essa situação.
Após esta fase vem a aceitação parcial, a maioria dos pacientes não se utiliza
da negação por muito tempo, é um estado temporário do paciente do qual ele
se recupera gradualmente á medida que vai se acostumando com a sua
realidade, ele reage. Alguns pacientes utilizam da negação perante alguns
membros da equipe hospitalar e até mesmo são exigentes na escolha dos
familiares que podem ficar a par do seu real estado, para tanto se utilizam da
negação principalmente diante daqueles familiares que ele considera mais
vulneráveis a sua perda e diante de membros da equipe hospitalar que não
passam confiança para o paciente.
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É importante que os médicos e a equipe hospitalar não evitem esses pacientes,
pois os mesmos quando sentem que devem falar abrem a alma e participam
sua solidão para aqueles os quais consideram interessados em seu estado,
que o respeitam. Isso reflete a necessidade de examinarmos nossas reações
em nosso trabalho, pois elas se refletem em nossos pacientes contribuindo até
para o seu bem estar ou piora.
Capitulo IV
Segundo estagio: a Raiva
O sentimento de raiva aparece quando já não é mais possível manter
firme o primeiro estágio de negação, e ele é substituído por sentimento de
raiva, revolta, inveja e de ressentimento. Nessa fase, a pergunta que
permanece nos pensamentos do paciente é: Por que eu? Por que não poderia
estar acontecendo com outra pessoa?
Para a família e amigos, essa é uma fase difícil de lidar. Isso por que o paciente
irradia essa raiva em todas as direções e a projeta nos outros sem justificativa
plausível. O alvo mais comum nessa fase são os enfermeiros, ate pelo tempo
em que permanecem com o paciente, mas, as visitas médicas e de familiares
não sai ilesa da raiva sentida pelo paciente. A reação percebida pelos parentes
normalmente é de choro, pesar, culpa, humilhação, ou então, evitam futuras
visitas, aumentando no paciente o sentimento de magoa e raiva. Apresentamse
poliqueixoso, e nenhum esforço feito para melhorar seu bem estar será
suficiente, ou ate mesmo percebido. Muitas vezes, é quando o paciente
procura ter certeza de que não esta sendo esquecido, e levanta a voz, faz
exigências, reclama atenção, se queixa, talvez como um ultimo esforço.
Um paciente que é respeitado e compreendido, a quem são dispensados
tempo e atenção, logo terão sua queixas reduzidas, pois se sentirá valorizado
como um ser humano, que necessita de cuidados e é permitido a ele
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expressar-se é capaz. Será ouvido sem necessidade de explosões
temperamentais, visitado sem precisar tocar a campainha com insistência, pois
será um prazer, e não só uma obrigação visitá-lo.
O problema é que poucos de nós nos colocamos no lugar do paciente e
perguntamos de onde vem essa raiva, e o que faríamos de nossa raiva, senão
extravasá-la nos mais próximos. Ao fazermos essa analise, percebemos que ao
invés de auxiliar o paciente em seu processo, nós por vezes, assumimos esse
sentimento de forma pessoal, quando nada ou pouco, tem a ver com as
pessoas a quem o sentimento é descarregado. Reagindo pessoalmente, a
família ou profissionais, por sua vez, retribuem com uma raiva ainda maior,
alimentando o comportamento hostil do paciente. Isso é percebido em visitas
encurtadas, evitando contato com o paciente e quando se entra em atrito
desnecessário em defesa de sua posição.
A seguir, serão dados como exemplo três casos, onde podemos ver o
sentimento da raiva se externando de diferentes formas:
O primeiro é referente a um senhor que estava internado há vários meses e já
à beira da morte, ele tinha uma enfermeira particular que o acompanhava e
cuidava. Nesse caso, poderemos ver a raiva racional, provocada pela
enfermeira. Como o paciente se encontrava gravemente enfermo, seus únicos
desejos eram que a grade da cama não fosse levantada ao seu lado, pois isso
lhe trazia a sensação de estar um caixão e que mudassem sempre sua
posição. Mas a enfermeira que não simpatizava com ele, concordou a principio,
mas sempre elevava a grade com temor que ele caísse e para não ser
interrompida em suas leituras. Isso trazia extrema revolta ao paciente, que a
acusava de mentirosa.
Esse tipo de comportamento da enfermeira, de manter-se distante emocional e
fisicamente do paciente demonstrava profundo constrangimento por estar
prestando cuidados a um doente terminal e pelo seu temor da morte. Defendiase
com a fuga, isolamento, isto é, cumpria seu dever. Essa atitude refletia no
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paciente como solidão. Não tinha com quem conversar, sentia-se isolado, sem
alguém que compreendesse sua agonia e crescente raiva.
Outro caso que podemos observar, é quando o paciente é acostumado a
controlar tudo a vida inteira, e reage com raiva ao se ver forçado a abandonar o
controle.
Paciente, acometido pela mal de Hodgkin, recusava-se a aceitar sua doença,
alegando que ele mesmo tinha sido o responsável por tal, e a delegar as
atribuições de sua empresa a quem pudesse realizar. Mantinha-se controlador,
dominador e exigente. Isso afastava sua esposa e a enfermagem. Uma
estratégia utilizada para minimizar essa sensação e raiva, foi de dar a ele o
controle de algumas situações que não comprometeriam seu tratamento. Sua
esposa passou a ligar e marcar o melhor horário para as visitas, que passaram
a ser mais curtas, freqüente e agradável, visto que era ele quem determinava a
hora e duração. Para a enfermagem, deu-lhe mais autonomia da hora que
desejava seu banho ou mudança da roupa de cama, e o resultado foi que ele
escolheu quase os mesmos horários de antes, mas agora, sem qualquer
sentimento de raiva ou má vontade.
Esses tipos de paciente são os mais solitários, seja por que são difíceis de
lidar, ou por que rejeitam de imediato qualquer ajuda, só aceitando quando lhe
é conveniente. Provocam a rejeição e raiva, apesar de serem os mais
desesperados de todos.
Por fim, o ultimo caso, trata-se de uma freira que sofria de Mal de Hodgkin, e
se mostrava irascível e exigente, e era hostilizada por muitos dentro e fora do
hospital por seu comportamento, principalmente pela equipe de enfermagem.
Ela realizava visitas diárias aos colegas de quarto e interferia nos cuidados de
enfermagem prestados pela equipe. Estava moribunda, em sua ultima, das 11
internações anteriores, quando conversou com a Doutora e o Capelão meses
antes de seu falecimento. Na conversa ela fala desde o seu diagnóstico, que foi
dificultado, por que, sendo ela uma pessoa tão autoritária e passando por
problemas psicológicos (o falecimento do pai, a venda da empresa da família, a
herança, a perda do cargo de professora), os sinais que apresentava eram
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vistos como somatização pelos médicos que a atendiam. Ela por sua vez,
como enfermeira, não aceitou o diagnostico proposto e teve que lutar para
provar que estava fisicamente adoentada, ao contrario da maioria, que se
costuma ver, que preferem rejeitar sua doença. Com a recusa do diagnóstico,
deixaram de oferecer a ela os devidos cuidados até que ela readquirisse o bom
senso.
Quando foi questionada quanto a sua juventude, e o fato de ter reconhecido
que sua doença lhe tiraria a vida e talvez em pouco tempo, respondeu que não
se sentia mais tão jovem, por ter visto morrer outras pessoas mais jovens que
ela da mesma doença, disse: “Não quero morrer, gosto da vida”. Seu maior
medo era na verdade a solidão, quando por vezes percebeu que não havia
alguém por perto, ou que ninguém iria aparecer quando sentia fortes dores,
acrescentou ainda: ”Não incomodo as enfermeiras quando se trata de algo que
eu mesma possa fazer, daí eu deduzi, que não sabem exatamente como estou.
Isso porque elas não entram e perguntam... elas não me visitam
sistematicamente, nem fazem comigo o que costumam fazer com os outros
pacientes que acham que estão doentes. Acho ate que ignoram como estou.
Eu é que tenho que dizer o que esta errado comigo.” Demonstrando o seu
destemor pela morte, mas sim pela solidão e o relacionamento frio que
mantinha com a equipe de enfermagem.
Mais adiante, pontua outra questão relacionada aos cuidados de enfermagem,
quando aborda o tratamento medicamentoso. Afirma que a enfermeiras temem
que as medicações viciem os pacientes, quando estes nem viverão o suficiente
para tanto, quando de fato, o que eles aguardam é que alguém seja caridoso e
traga um alívio.
Observamos que além de seu temor pela solidão, ela gostaria que a morte
fosse sem agonia, sem dor e sem solidão. Relata: “Quando estamos doentes
eles (os amigos) se afastam, imaginando que não queremos conversar;
mesmo quando não podemos, se eles se sentam a cabeceira, sentimos que
não estamos sós”.
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Por fim, a freira fala sobre sua decisão de ser freira. Menciona que era
integrante de uma numerosa família de dez irmãos, e que seu desejo era se
sobressair, onde fosse diferente das irmãs que eram tão bem aceitas pela mãe.
Não acreditava que seria boa mãe e esposa. E mesmo nessa numerosa
família, nunca teve alguém com quem pudesse trocar idéia. Sempre foi vista
como forte e arrogante, que seria auto-suficiente, ate mesmo por suas colegas
freiras. Estas não a visitavam com freqüência e quando iam, mesmo pedindo
que voltassem a freira não acreditava que retornariam, pois julgavam que ela
tinha muita força, que vivia melhor sozinha e elas não eram importantes. E
assim, a freira não implorava seu retorno. Dizia: “Não posso implorar aos
outros aquilo de que preciso”. É importante ao paciente manter sua dignidade e
não ter de implorar, mas também não ser oprimido, nem manobrado.
Esta entrevista mostra claramente as necessidades da paciente. Vivia
cheia de magoas e ressentimentos que parecem ter origem na infância, quando
se sentia uma estranha na própria família. Parte se seu ressentimento com as
freiras é reflexo do que sentia com a mãe e irmãs, a falta de aceitação por
parte delas, é uma repetição de seus sentimentos de rejeição. Sendo assim, as
pessoas ao redor, ao invés de entenderem a origem de sua magoa, assumiram
as dores e a rejeitaram ainda mais. Durante a entrevista ela foi compreendida e
não julgada. Isso possibilitou que retirasse o peso e agir da forma a qual
realmente é: acolhedora, afetuosa, capaz de amar, de ver as coisas com
profundidade. Na continuidade das visitas, foi percebido que ela já não fazia
tantas visitas aos outros pacientes e se mostrava mais acessível ao pessoal de
enfermagem. Na despedida, não demonstrava mais ser a freira aborrecida que
afastava todo mundo, mas uma mulher que encontrara um pouco de paz ou ate
aceitação. Pouco tempo depois veio a falecer em casa. Muitos ainda recordam
dela, não como a pessoa que causava tantos problemas, mas pelas lições que
deixou. Em seus últimos meses de vida, conseguiu tornar-se o que tanto
gostaria de ser: uma pessoa diferente das outras, não por seu aspecto
negativo, mas por ser amada e aceita.
No texto a autora traz a importância de tolerarmos a raiva: “Isso só pode
ser feito quando não estamos tão temerosos, tão esquivos. Temos de aprender
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a ouvir nossos pacientes e ate, as vezes a suportar alguma raiva irracional,
sabendo que o um alivio proveniente do fato de não tê-la externado contribuirá
para melhor aceitar as horas finais. Só poderemos fazer isso quando tivermos
enfrentado o medo da morte, os nossos desejos de destruição e nos tivermos
compenetrado de nossas próprias defesas, que podem interferir nos cuidados
com o paciente.”
Capitulo V
Terceiro estágio - Barganha
O terceiro estágio é a barganha, menos conhecido, porém muito útil ao
paciente.
É o momento em que o paciente começa a ter algumas reações com
esperança de receber o que quer de Deus, uma possibilidade de cura. Isso
acontece muito com pacientes terminais, quando almeja um prolongamento de
sua vida. A barganha, na realidade, é uma tentativa de adiantamento, uma
promessa; tem de incluir um prêmio oferecido “por um bom comportamento”.
Psicologicamente, as promessas podem estar associadas a uma culpa
recôndita, devendo ser consideradas pela equipe hospitalar.
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Capitulo VI
Quarto estágio - Depressão
Quando o paciente em fase terminal não pode mais negar sua doença,
sendo forçado a diversos procedimentos como cirurgias, hospitalizações,
sentindo sintomas diferentes e estar mais debilitado, ele não pode mais
esconder sua doença. O paciente começa a perder coisas importantes para ele
como sua própria identidade. Os encargos financeiros elevados fazem com que
estes pacientes tenham que dispor de muitos recursos dos quais muitas vezes
não o tem, ou abrir de mão de muitos sonhos, principalmente relacionados á
família. Muitos perdem seus empregos e se afastam do convívio com a família
por causa das hospitalizações o que aumenta o sentimento de culpa dos
mesmos.
Estes fatores de depressão são bastante conhecidos por todos os que tratam
dos pacientes. O que, no entanto, não nos esquecemos é a aflição inicial a qual
o paciente em fase terminal é obrigado a se submeter para preparar quando
tiver que deixar este mundo.
Uma pessoa compreensiva não terá dificuldade em detectar a causa da
depressão e sem se aliviar um pouco da culpa ou da vergonha irreal que
normalmente acompanham a depressão.
A melhor ação para com as pessoas que estão tristes é tentar animá-las,
encorajá-las. Quando a depressão é um instrumento na preparação da perda
iminente de todos os objetos amados, requer muita conversa e até
intervenções ativas por parte dos outros em muitos assuntos, para que o
paciente não tenha uma depressão silenciosa. Só os pacientes que conseguem
superar suas angústias e ansiedades são capazes de alcançar o estágio de
paz e aceitação. Quando a confiança é compartilhada com a família muita
angústia pode ser evitada.
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Capitulo VII
Quinto estágio - Aceitação
O quinto estágio decorre sobre a aceitação da doença sem depressões
decorrentes ao seu estado de saúde. Este paciente já passou pela fase de não
aceitação da enfermidade e não mais sentirá raiva quanto ao seu destino. Ele
terá externado seus sentimentos, sua inveja pelos vivos e sadios e sua raiva
por aqueles que não são obrigados a enfrentar a morte tão cedo. Terá
lamentado a perda iminente de pessoas e lugares queridos e contemplara seu
fim próximo com certo grau de tranqüilidade e expectativa. Ele estará cansado
e bastante fraco, na maioria dos casos, sentindo a necessidade de cochilar e
dormir com freqüência em intervalos curtos diferindo da fase de dormir da
depressão. Não e um sono de fuga, nem um instante de descanso para aliviar
a dor e sim uma necessidade gradual e crescente de aumentar as horas de
sono. Isso indica o fim da luta, mas com um significado de aceitação.
Na explanação dos casos relatados vimos duas versões diferentes desta
aceitação onde uma queria que o marido aceitasse sua partida e este demorou
a entender esta realidade e o outro caso relata um profissional da área de
saúde que tem uma doença grave e esta doença vai aproximar e amadurecer
sua família levando estes a ter muita esperança na cura mas aceitando o que
acontecer e uma equipe hospitalar preocupada com a relação medico paciente
para que assim se estabeleça a melhor destas relações e que os pacientes
sejam beneficiados com isto.
Capitulo VIII
ESPERANÇA
De todos os estágios pelos quais as pessoas passam quando diantes de
problemas trágicos, a única coisa que persiste é a esperança. Até os pacientes
mais conformados com sua situação terminal, sempre deixam transparecem
que sentem um sinal de esperança. Normalmente eles sentem que há uma
possibilidade de cura, que de repente foi descoberto um novo produto, uma
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nova droga e ele foi escolhido pelos médicos para um projeto de pesquisa
exitoso que vai aparecer de um dia para o outro. Esse sentimento sustenta os
dias, meses e anos desses pacientes, isso é esperança ( um misto de
racionalização dos sentimentos com uma forma de negação temporária).
Pacientes sentem maior confiança nos médicos que conservaram essa
esperança nele. Quando um paciente perde a esperança, geralmente é o
prenúncio para o fim, é quando eles chegam a dizer “é o fim” ou, “Doutor, eu
não agüento mais” e foi observado que muitos desses pacientes morreram num
intervalo de 24 horas ou pouco mais após. Esse estágio era de aceitação.
Também há uma sensação de angústia vinda da esperança: 1º, a
substituição da esperança pela desesperança, tanto da equipe hospitalar
quanto da família, quando essa ainda era importante para o paciente e 2º, a
incapacidade da família em aceitar o estágio final de um paciente, a família se
agarra a uma esperança milagrosa quando o paciente já estava preparado para
morrer.
A Síndrome pseudo-terminal significa que o paciente havia sido
desenganado pelos médicos, mas apresentou melhora considerável após o
tratamento, esses pacientes são capazes de achar que sua recuperação foi um
milagre, uma nova chance.
Por isso, deve-se proporcionar a cada um a oportunidade do melhor
tratamento possível, sem considerar a gravidade do enfermo, ou seja, não
desistir de salva-lo. Desistir desse paciente pode fazer com que ele se
entregue.... Continuar tentando faz com que ele veja seu médico como um
amigo próximo que ficará com ele até o fim.
Evitando tocar no assunto sobre morte e morrer pode ser prejudicial aos
pacientes do que encontrar tempo para ouvi-lo e compartilhar esse momento
com ele (a maioria deseja compartilhar seus problemas e angústias com
alguém trazendo-o alívio). Nem sempre o paciente quer falar, mas quando ele
está mais sociável e deixa transparecer que continua esperando, geralmente é
a hora de mostrar a ele que estamos prontos para ouvi-lo e então ajuda-lo a
manter viva a sua esperança.
Capitulo IX
A família do paciente - mudanças no lar e efeitos sobre a família.
Na fase terminal a família exerce um papel preponderante interferindo
nas ações da equipe, se não houver uma interação entre a equipe e os
familiares, o paciente não poderá ser ajudado com eficiência.
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As relações familiares com o paciente, união familiar, capacidade de
comunicação interpessoal, a presença de amigos íntimos ou mesmo de um
medico de confiança irão ajudar na evolução do paciente interferindo
positivamente nas suas reações. O fragmento de uma entrevista transcrito
demonstra a interferência dos profissionais para sanar uma relação sem boa
comunicação: “Sei que tenho muito pouco tempo de vida, mas não contem isso
à minha mulher, porque ela não suportaria isto”. Quando conversamos com sua
mulher ela repetiu praticamente as mesmas palavras. Os problemas entre os
pacientes e os familiares devem ser solucionados para que o paciente consiga
evoluir bem para aceitação da morte eminente diminuindo o sofrimento para
ambos; paciente e familiar.
Durante o processo é importante que o paciente e seus familiares consigam
sanar antigas desavenças ou esclarecer situações que levaram ao
aparecimento de culpa ou ate mesmo aquele sentimento de ter falhado para
com o paciente, sentimento freqüente entre os familiares. A presença de um
dos membros da equipe, um medico de confiança ou mesmo um amigo intimo
que possa intermediar e estimular a solução destes problemas será de grande
beneficio ao paciente e seus familiares.
Na entrevista com a senhora F fica evidente a importância da interferência em
determinadas situações. Algumas considerações da autora a respeito desta
entrevista:
“A Sra. F. era uma mulher negra, doente em fase terminal e fortemente
debilitada, que jazia imóvel no leito havia semanas. Olhar para seu
corpo de pele escura contrastando com os lençóis brancos da cama
lembrava-me, com certa repulsa, raízes de árvores. Devido á doença
deformante, era difícil definir o contorno do corpo ou mesmo das feições.
Sua filha, que vivera com ela a vida inteira, ficava sentada a seu lado,
igualmente imóvel e sem proferir palavra.”
“Disse-lhe que estávamos levando sua filha por alguns
momentos, pois estávamos preocupados com ela por estar só. A
paciente olhou para mim e eu compreendi duas coisas: primeiro, que ela
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estava absolutamente ciente do que acontecia e seu redor, apesar da
aparente incapacidade de falar; segundo lição inesquecível jamais
classificar alguém na categoria de “vegetal”, mesmo que pareça não
reagir a muitos estímulos.”
“No final da entrevista, a filha já deixava transparecer alguns
sentimentos de culpa, ambivalência e ressentimento não só por ter
vivido uma vida isolada como, talvez mais, por ter sido abandonada. Nós
a encorajamos a externar seus sentimentos mais amiúde, a voltar a
trabalhar por meio período para ter alguma ocupação fora do quarto da
doente, e nos pusemos à disposição para quando precisasse de alguém
com quem conversar.”
“Suas visitas, não mais carregadas de ambivalência nem
sentimentos de obrigação e ressentimento, eram agora cheias de
sentido. Voltou a conversar com outras pessoas, dentro e fora do
hospital, fazendo algumas amizades novas antes da morte da mãe, que
se deu alguns dias mais tarde, num clima de bastante paz”.
Outro fator que deve ser observado com atenção são as acomodações
dos familiares de pacientes em UTI, que deve ser confortável reservada onde
propicie interações entre os parentes de outros pacientes que poderão trocar
experiências, melhorarem a relação da equipe da UTI com estes familiares e
proporcionar mais tempo entre os familiares e o doente.
Outro momento delicado e quando a noticia da morte eminente e dada,
os parentes passam por algumas fazes:
 Negação, busca de opinião de outros médicos;
 Aceitar a realidade, que mudara sua realidade drasticamente. A
partir deste momento e necessário que haja comunicação franca
entre todos e isto evitara um pesar maior depois do óbito do
paciente.
As mascaras de força que alguns familiares utilizam costuma soar como
falsidade ao paciente causando maior sofrimento. Durante os momentos de
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raiva dos pacientes os familiares refletem na equipe porem e importante que
todos os sentimentos sejam extravasados e deve ser compreendido pela
equipe. Todas as situações onde ocorra extravasamento dos sentimentos tanto
entre os familiares e paciente como direcionado a equipe deve ser
compreendido e estimulado, se não for destrutivo. Isto tornara o pesar futuro
menos doloroso. Quando o paciente entra na fase de aceitação e se isola pode
ser mal interpretado pelos familiares e deve ser esclarecido.
Outro aspecto importante e a evolução da doença, que quando e de
evolução mais lenta da mais tempo ao paciente e familiares passar por todas
as etapas e é mais fácil para a equipe lidar com estes. Quanto as reações das
crianças esta relacionada com a etapa de desenvolvimento psicológico delas:
· Ate os três anos, só se preocupa com a separação;
· De três a cinco anos, se preocupa com a mutilação, a morte não e
um fato permanente;
· De cinco a nove anos a morte e personificada;
· Acima de nove anos as crianças tem reações diferentes como;
isolamento, afastamento silencioso, pranto convulso.Nesta fase
não existe o discernimento entre desejo e ação podendo levar a
criança a se culpar pela morte por te desejado isto para o
paciente em algum momento.
Capitulo X
Algumas entrevistas com pacientes em fase terminal.
A Sra S. tinha dois anos e meio quando seus pais se divorciaram e foi
criada por parentes. Sua única filha morreu de tuberculose com dois anos e
meio, no tempo em que seu marido servia o governo, e ninguém mais lhe era
tão chegado quanto a menina. Logo depois, perdeu seu pai no sanatório, onde
também precisou ficar internada por causa da tuberculose. Depois de vinte e
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dois anos de casamento, seu marido à abandonou com dois filhos pequenos,
por outra mulher. O médico da família, em quem depositava uma confiança
ilimitada, morreu quando mais precisava dele, isto é, quando notou um caroço
suspeito, que mais tarde descobriu ser maligno. Criando os filhos sozinha,
adiou o tratamento até que a dor se tornou insuportável e a doença já
espalhara pelo corpo. No meio de toda esta miséria e solidão, sempre
encontrou alguns amigos fiéis, com que pode dividir seus anseios. Também
eles eram substituto, como o namorado substituiu o marido; a vizinha, a irmã
que nunca teve. Com esta última, o relacionamento era mais profundo, pois ela
se tornou uma mãe substituta para a paciente e para as crianças, quando a
doença se complicou. Essa prestação de serviço veio preencher uma de suas
lacunas e foi realizada com grande sensibilidade, sem intromissão.
A assistente social desempenhou um papel preponderante nos cuidados com
esta paciente mais tarde, inclusive seu médico, informado de que ela queria
tratar com ele de assuntos mais pessoais.
Entrevista com a Sra. S. é um típico caso de paciente que teve muitas
perdas ao longo da vida.
Trechos de comentários de alguns pacientes:
...“Oh, morte, teu servo bate à minha porta. Ele cruzou o mar
desconhecido e trouxe ao meu lar o teu chamado...”
...“A noite é como breu e meu coração treme de medo; mesmo assim,
tomarei da lâmpada, abrirei os portões e farei vênias em sinal de boasvindas.
É o teu mensageiro que esta em minha porta...”
...”Eu o venerarei de mãos postas e com lagrimas nos olhos. Eu o
venerarei, colocando a seus pés o tesouro do meu coração...”
...“Ele retornará com a missão cumprida, deixando uma sombra escura
na manhã do meu dia; e, em meu lar desolado, só permanecera o meu
desamparado ser, ultima oferta de mim para ti...”
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Primeira entrevista com a Sra C
A Sra C é uma mulher bastante preocupada com sua família,
principalmente com sua filha pequena e seu filho com problemas mentais.
Então a morte era um pensamento que a tormentava constantemente, pois
quem iria cuidar da família após a sua morte. Essas preocupações estavam
prejudicando sua recuperação, deixando-a deprimida e zangada. Uma das
formas de escape para seus problemas era reclamar com a equipe de
enfermeiros do hospital, pois não estava conversando com profissionais sobre
suas preocupações domesticas.
Era uma mulher que tinha um bom relacionamento conjugal, com uma fé
fervorosa e aceitava o profissional facilmente, reclamava até da falta de tempo
dos médicos para conversar com ela. Tinha medo de parecer feia no caixão,
traduzindo suas preocupações, ouvindo os pacientes gritando alto, talvez
perdendo sua dignidade , ou quando teme perder sua consciência.Reconheceu
que não podia mais se preocupar com todo mundo .Isso fez com que o capelão
e assistente social interviessem p/ ajudar seu filho doente.Só depois que todos
esses assuntos foram devidamente resolvidos que a Sra C. sentiu paz e
deixou se de preocupar com sua aparência no caixão.
Segunda entrevista com a Sra L.
Era um mulher que estava sob tratamento para o câncer há muitos
anos. Tinha dois filhos um com 17 e outro com 28 anos, que não a visitava no
hospital, pois eles não gostavam de vê-la sofrendo. Tinha algumas seqüelas
importantes do tratamento mas não perdia a esperança de se recuperar e ficar
boa novamente. Não era de ficar reclamando ou julgando, Deus sobre sua
doença, aceitava o câncer naturalmente e mantinha sua fé.
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Era uma mulher determinada e resignada com sua cura. Preocupava-se com
sua saúde desde cedo, o que lhe fez procurar o medico no primeiro sinal da
doença, e instituir o tratamento precoce pra o câncer, apesar deste ser maligno,
não lhe faltaram forças e expectativa de vida. Não temia a morte, e somente
pensava em viver maior tempo possível pra ver seus netos e bisnetos. Para
isso matinha a maior confiança possível nos médicos, seu maior desejo era sair
do hospital direto pra sua casa e cuidar do marido, pois o mesmo era diabético
e tinha a visão prejudicada pela doença. Ela gostava de consolar outras
pessoas, mas não gostava de ser consolada, relutava em pedir ajuda
profissional.
Capitulo XI
Reações ao seminário sobre a morte e o morrer
Os seminários sobre a morte e o morrer eram baseados em entrevistas
com pacientes moribundos que levavam o paciente, e também a família, à
consciência e aceitação da iminência da morte. Ela os entrevistava, sempre
respeitando sua conveniência e a hora de acabar uma sessão quando não lhes
eram mais possível encarar os duros fatos da morte.
Inicialmente a equipe hospitalar era relutante ao seminário, às vezes até com
demonstrações públicas de hostilidade. Era quase impossível à equipe de
atendimento consentir que os pacientes fossem entrevistados. Os médicos
eram os mais resistentes, porém os que participaram contribuíram muito para a
adesão de novos médicos. As enfermeiras mudaram de comportamento mais
rápido do que os médicos, pois descobriram que a franqueza e a honestidade
com os pacientes, familiares e com a equipe de tratamento valiam mais do que
palavras amáveis. À equipe de administradores e supervisores apoiaram o
seminário assim como os assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e os
terapeutas de inalação. A maioria dos capelães, pastores, rabinos e
sacerdotes aderiam ao seminário e passaram responder as perguntas dos
pacientes.
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Assim á medida que a equipe hospitalar compreendia as razões de suas
defesas e aprendia a vencer os conflitos, analisando-os, aumentava sua
contribuição, tanto para o bem estar do paciente, como para o amadurecimento
e a compreensão dos outros participantes.
Quase todos os estudantes se inscreveram no seminário sem saber o que
esperar exatamente, ou porque ouvira dos outros alguns aspectos que lhe
interessavam muito. Entretanto, perceberam durante o seminário que são
enormes os problemas enfrentados por alguns médicos e começaram avaliar
melhor tanto o papel do paciente, como os conflitos e responsabilidades dos
diferentes membros da unidade de tratamento.
Os paciente, inusitavam, ao começo de tais entrevistas, falavam abertamente
sobre seus receios, culpas, desejos e sentimento que estes tinham pelo fato de
estarem vivendo aquela etapa da vida. O sentido das entrevistas era
compreender os sentimentos dos pacientes, e de seus familiares, tornando a
morte muito mais aceitável e tranqüila, possibilitando a passagem por ela com
menos dor e desespero, percorrendo por diversos estágios, que vão da
negação a aceitação. A morte é um acontecimento que ninguém pode evitar, e
passar por ela com naturalidade deveria ser essencial para todo ser humano.
Quase todos os pacientes em estágio terminal reagiram do mesmo modo em
relação às má notícias, isto é, com choque e descrença. A maioria dos
pacientes passou por cinco estágios, sendo o primeiro representado pela
negação, que poderia durar alguns segundos até meses dependendo da
intensidade de defesa. Depois surge um segundo estágio onde a raiva e a
revolta são manifestados pela inveja dos que poderiam viver e agir. Havendo
deixado de lado a Negação e percebendo que a raiva também não resolveu, a
pessoa atinge o terceiro estágio onde passa por um período temporário de
barganha, seguido pela Depressão que representa o quarto estágio.
Finalmente atingem o quinto estágio que é representado pela Aceitação.
Nesse estágio o paciente já não experimenta o desespero e nem nega sua
realidade.
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Capitulo XII
Terapia com os doentes em fase terminal
O ultimo capitulo do livro “Sobre a morte e o morrer”, apesar de ter como titulo
a terapia em doentes de fase terminal, a autora usa-o mais como momento
para refletir e concluir o livro.
É narrado como é importante a atenção especial aos doentes em fase
terminal e ao seus parentes que estão ali desamparados, ansiosos e aflitos a
espera da morte de alguém tão importante. É colocado também a importância
dos profissionais preparados e dispostos a partilhar momentos com um
paciente moribundo, e para isso é necessário que o profissional tenha
maturidade e experiência de vida, tendo este que analisar sua posição diante
da morte e do morrer para que possa passar tranqüilidade e segurança ao
paciente no seu estagio terminal.
Foi colocado pela autora a importância do primeiro encontro entre paciente e
terapeuta, médico, ou o profissional que estará naquele momento atuando
como amparo e suporte ao moribundo. Citando exemplos tais como ao do Sr.
E, paciente internado como grave anorexia que após exames médicos foi
encaminhado ao psiquiatra residente. O profissional ao fazer a primeira
entrevista com o Sr. E. detectou seu comportamento agressivo com as
enfermeiras, familiares e forma como referia-se à sua esposa, não passava de
sentimentos recalcados e confusos que passou a ter após a morte dela, que
aconteceu enquanto ele estava viajando, e como não pode estar próximo no
momento sentia-se culpado por sua ausência. Após aconselhar-lhe em
arrancar de si sem se envergonhar todos aqueles sentimentos de fracasso,
angustia, solidão e rancor, eles desaparecerão. No dia seguinte o residente
retornou no quarto e surpreendeu ao ver o Sr. E. cheio de planos, desejos de
realizar coisas pós internação, socializando-se sem dores e sintomas de sua
doença. Este exemplo mostra como entrevistas são importantes em doentes
terminais e aqueles que simplesmente não conseguem superar a perda de
alguém importante.
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Quanto ás terapias em grupo a autora relata ter a intenção de
futuramente realizá-las, mas por enquanto pretende deixa o intercambio por
parte dos pacientes, onde eles participariam assim que sentissem necessidade.
Grupos também de pacientes com doenças crônicas são de interesse, pois
estes pacientes apresentavam um comportamento interessante, pois ao virem
alguém morrer sentiam-se aliviados e potencializados por não o serem, sendo
assim estes que se sentiam mais fortes procuravam ajudar os colegas que
sofriam dos mesmos maus que o seu, porem bem mais eficiente que os
próprios profissionais. A presença de pessoas como tais em grupos de terapia
são de grande valia, pois alem da análise de seus comportamentos eles
ajudariam a equipe entender melhor a situação daqueles mais precisados da
atenção de alguém que pudesse entender aquela situação o qual estava
passando.
O silencio que vai além das palavras
Quando chega o momento em que as dores cessam, a mente entra num
estado de torpor, a necessidade de alimentação na há mais, é o momento em
que palavras são desnecessárias, intervenções médicas também, porem ainda
cedo demais para a separação. Este momento em que para o parente próximo
ali ele deseja que tudo passe e que termine ou agarra-se fortemente ao que
esta prestes a perder, agora é interessante que alguém da equipe de
profissionais estejam prontos pra amparar os familiares, e ate mesmo
substituí-lo quando necessário, para proporcionar ao moribundo uma hora
tranqüila.
“Aqueles que tiverem a força e o amor para ficar ao lado de
um paciente moribundo, com o silencio que vai além das palavras, saberão
que tal momento não é assustador nem doloroso, mas um cessar em paz do
funcionamento do corpo...”
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Conclusão
A autora é bastante explicita na naturalidade a que se trata da morte e o
morrer, é esse sentimento de calmaria e consolo em que nós profissionais da
saúde devemos ter bem claro, para lidarmos nas adversidades de nossas vidas
e das de nossos pacientes. Termos firme o pensamento de ajudar o próximo
nos faz sentir grandiosos e o fato de sermos finitos gera um medo inicial,
porem ao pensarmos de uma outra forma onde o morrer é voltar pra casa ao
encontro de um Ser Divino, nos traz calmaria e conforto.
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"Depois de passar por todas as provas para as quais fomos mandados à
Terra como parte de nosso aprendizado, podemos então nos formar.
Podemos sair de nosso corpo, que aprisiona a alma como um casulo
aprisiona a futura borboleta e, no momento certo, deixá-lo para trás. E
estaremos livres da dor, livres dos medos e livres das preocupações ...
livres como uma linda borboleta voltando para casa, para Deus ... em
um lugar onde nunca estamos sós, onde continuamos a crescer, a
cantar, a dançar, onde estamos com aqueles a quem amamos e
cercados de mais amor do que jamais poderemos imaginar."
“Escutem o som de suas vozes. Escutem como se o chamado fosse
música, uma linda música. Posso garantir que as maiores recompensas
da vida virão do fato de vocês abrirem seus corações para os que estão
precisando. As maiores bênçãos vem sempre do ajudar aos outros.”
A roda da Vida - Elisabeth Kübler-Ross
“Confesso que, na minha experiência de ser humano, nunca me
encontrei com a vida sob a forma de batidas de coração ou ondas
cerebrais. A vida humana não se define biologicamente. Permanecemos
humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria.
Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar a beleza, o corpo se
transforma numa casca de cigarra vazia.”
Sobre a morte e o morrer – Rubem Alves
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