sexta-feira, 1 de julho de 2011

Nós de silêncio


Laços podem ser vínculos afetivos que nos unem aos outros. No entanto, com a convivência (ou até pela falta dela), os problemas surgem e os laços podem se transformar em nós. "O nó não é entre o homem e a mulher, os problemas existem nos relacionamentos heteros e homossexuais. O nó é entre o 'eu' e o 'outro', sempre", explica o psiquiatra e psicanalista Alfredo Simonetti, autor do livro "O nó e o laço: desafios de um relacionamento amoroso". Em entrevista ao blog, Simonetti diz que a conversa, ou o popular "discutir a relação", é a base para se manter um relacionamento saudável e enfatiza: "É no silêncio que termina uma relação amorosa".

O que são e como se formam os laços em um relacionamento amoroso?
S: Um relacionamento amoroso é baseado em fatos e fantasias reais. De fato escolhemos o nosso parceiro por causa de certas qualidades evidentes (beleza, simpatia, afinidades, etc..), mas também escolhemos o nosso parceiro por características que nem nos damos conta direito. Por que nos apaixonamos por uma determinada pessoa? Pelo que ela é, pela sua essência – responderíamos de pronto, levados pelas ilusões do amor romântico. Mas é bem pouco provável que seja por isto. Em primeiro lugar a paixão é rápida, quando vem é quase instantânea, e para se conhecer a essência de uma pessoa, se é que isto é possível, leva-se muito tempo. Aliás, quando depois de longo tempo de convivência chegamos mesmo a conhecer o outro, muitas vezes nos surpreendemos com o que encontramos e, assustados, reclamamos: "mas você é isso"?...

O que causa a paixão são pequenas coisas, um detalhe do jeito da pessoa nos captura num enlaçamento vertiginoso. Segundo Barthes, "é a voz, a queda dos ombros, a silhueta esbelta, a quentura da mão, o jeito de sorrir, um jeito rápido, mas expressivo de afastar os dedos, de abrir as pernas, de mexer os lábios carnudos ao comer, etc.".

Quem diria que escolhemos a pessoa com quem queremos viver o resto de nossas vidas de maneira tão prosaica? Pois é... E mais, encantamo-nos com um detalhe da pessoa, mas casamos com a pessoa inteira, com todas as suas outras partes de que não gostamos, e às vezes nem conhecemos.

O que são e como se formam os nós entre um casal?
S: Nó é o nome que damos às crises e às dificuldades naturais das uniões amorosas: desencontros, brigas, medo de não sermos amados, ciúmes, tédio, falta de liberdade, questões sexuais, fidelidade, problemas financeiros, divisão do trabalho doméstico, problemas de convivência com as famílias, etc.

Os nós acontecem não por falta de amor, pelo menos não necessariamente. Acontece que mesmo com o amor os nós acontecem, é que é da natureza humana esta dificuldade para se relacionar. Os seres humanos são como porcos-espinhos que, quando sozinhos morrem de frio, que é quando buscam ficar juntinhos. Mas passado algum tempo no calorzinho gostoso, começam a ficar inquietos e acabam espetando-se. Somos todos assim, não conseguimos viver sozinhos, e mal sabemos viver juntos.

"Não tem jeito, ou o homem discute minimamente a relação ou vai discutir muito na relação"

Outra razão para os nós acontecerem é o fato de que quando casamos as neuroses também se casam. Sim, as neuroses se casam, e somos todos, num certo sentido, neuróticos, ou se preferirmos, normóticos. Aliás, o período de namoro é o tempo necessário para descobrir se nossas neuroses combinam. Escolhemos para casar quem nos completa, no bom e no mau sentido. Se a pessoa tem uma tendência a se vitimizar, provavelmente escolherá um parceiro dominador, se a tendência for para ser um grande cuidador ou controlador, certamente escolherá um parceiro carente. Duas pessoas dominadoras têm pouca chance de ficarem juntas por um tempo muito longo, todavia duas pessoas que gostam da disputa, sendo uma mais dominadora e a outra mais passiva, estas sim, têm chance de um casamento longo, longo e repleto de reclamações justas.

Há algum modo de fazer com que o laço perdure por mais tempo?
S: Ao que parece, existem apenas três coisas a se fazer com os nós do casamento, evitar que eles aconteçam, desatar quando já tiverem acontecido, e quando isto não for possível afrouxá-los até poder atravessá-los. Evitar sempre que possível, desatar quase sempre, atravessar sempre, esta é a idéia.

Evitar que os nós aconteçam é a tarefa básica de qualquer casal, tem a ver com aquela história de "regar a plantinha", de cuidar da relação, de ser amoroso e cuidadoso, de aceitar o outro como ele é, de ser criativo para fugir da rotina, e tudo o mais que nos ensina o bom senso. Acontece que todas estas recomendações fazem parte daquelas idéias muito fáceis de serem ditas e extremamente difíceis de serem praticadas. Vejamos um exemplo todos recomendam que a gente seja amoroso, cuidadoso e desprendido. Muito bem, vamos ser, mas o que fazemos com nossa raiva, nossa insegurança, nossa agressividade, e tantos outros "sentimentos ruins" que convivem dentro da gente, lado a lado com os "sentimentos bons"?

E qual seria o caminho para desatar os nós?
S: O amor é claro! Gostaríamos de responder rapidamente, mas, infelizmente, não é assim. O amor não desata nada, sua tendência natural é, ao contrario, reunir, ligar, atrair, e isto tanto no bom como no mal sentido. No casamento o amor põe o time em campo, mas não garante o resultado. Sem ele, é claro, não há jogo, ou o jogo é sem graça. Com ele, o amor conseguiu o direito de jogar a partida, mas o resultado vai depender de muitas outras coisas.

O que pude descobrir ao longo destes anos trabalhando como psiquiatra e psicanalista - com pessoas que se queixam de algum sofrimento amoroso – foi que o conhecimento sobre como funciona o nó do casamento é capaz de aumentar enormemente a habilidade das pessoas para alcançar um casamento feliz. Entretanto cada um fazia isto de um jeito singular, nunca encontrei uma verdade que servisse para todos indistintamente, nenhuma mesmo.


"É preciso ter coragem e abandonar as fantasias do amor romântico, amor incondicional e tudo mais"


Além do conhecimento sobre como se formam os nós também ajuda muito ter coragem para abandonar as ilusões do amor romântico, aquelas histórias de duas metades da laranja, de almas gêmeas, de amor incondicional, de felizes para sempre, de sintonia total, e tudo o mais. Reconhecer as nossas fantasias e nos responsabilizarmos por elas ajuda muito a desatar os nós.

Mas o grande desatador de nós no casamento é, feliz ou infelizmente, a palavra, a conversa amorosa. Mas não é qualquer palavra que serve para a tarefa de desatar os nós. A palavra pode ser monólogo, pregação, aula, debate, bate-boca, solilóquio, reunião, narração, enganação, confissão, argumentação, discurso, comunicado, sedução, xingamento, enunciação, análise, revelação, verso e prosa. Pode ser tudo isto e mesmo assim não ser capaz de desatar os nós.

Ao que parece, é somente a palavra que vai-e-vem entre duas pessoas que se amam, assumindo a forma de uma conversa, que possui aquela magia necessária à arte de desatar os nós.



Recorte do cartaz de O segredo de Brokeback Mountain (2005)


Muitos casais discutem a relação deles com os amigos e se satisfazem somente com o desabafar com os outros, sem falar sobre os problemas com o parceiro. Qual o risco de agir assim?
S: É legal conversar com os amigos, ajuda muito a superar os problemas da relação, mas ficar apenas nisto é que é o perigo. O grande risco é que conversando só com os amigos a pessoa acaba mergulhando ainda mais nas suas fantasias e neuras. Quando escolhemos um amigo para conversar escolhemos aquele amigo que já sabemos que vai nos apoiar, que está do "meu lado". Este é o problema, se não conversamos com o parceiro perdemos a chance de "ver o outro lado". Na verdade são duas conversas necessárias, uma não substitui a outra. É claro que a conversa com o amigo, como expliquei acima, é mais segura. Conversar com o parceiro implica em ouvir coisas que a pessoa talvez queira evitar, mas que são muito importantes.

É mito ou os homens não gostam de discutir a relação? Se sim, por quê?
S: Sim, é fato corriqueiro que os homens não gostam de discutir a relação. O que acontece é que os homens são muito bons em resolver problemas, em buscar soluções, mas fazem isto de uma maneira objetiva e direta, e as mulheres, por seu lado, tem uma tendência maior à subjetividade, à sutileza. Os homens ainda não descobriram que discutir a relação nada tem a ver com resolver problemas. Discutir a relação serve, principalmente, para nos sentirmos escutados, considerados, amados enfim. E não tem jeito, ou o homem discute minimamente a relação ou vai discutir muito na relação.

Como o senhor percebe as diferenças entre o modo de amar do homem e da mulher?
S: A diferença entre homens e mulheres, tão divulgada hoje em dia, é sem dúvida uma das causas dos nós no casamento. Homens e mulheres são iguais em seus direitos, ou pelo menos deveriam ser, mas do ponto de vista psicológico, na forma como encaram a vida, na forma como amam, gozam e sofrem são muito diferentes. Se tivesse que resumir numa frase diria que os homens são simples, objetivos e diretos, as mulheres são complexas, subjetivas e curvilíneas.

"Não é quando o amor acaba que termina uma relação, mas quando acabam as palavras"

Mas é preciso enfatizar que não é a diferença entre a alma feminina e a alma masculina a principal causa dos nós do casamento, porque se fosse assim os casamentos homossexuais seriam harmônicos e pacíficos, e não é o que acontece, neles os mesmos nós do casamento heterossexual também existem. O nó não é entre o homem e a mulher, é entre o "eu" e o "outro".

Por mais saudáveis os laços (os relacionamentos) um dia chegam ao fim. Como saber o momento em que não vale mais a pena tentar desatar os nós?
S: Embora não exista uma resposta simples e direta para esta questão, já que na verdade não se trata do momento em que não vale mais a pena, e sim do momento em que uma pessoa escolhe, decide não mais tentar, é sempre possível apontar alguns indícios do fim de uma relação. Quando é que uma relação termina de verdade? Seguramente não é quando as pessoas se separam fisicamente, ou mesmo judicialmente, porque para muitos é justamente ai, pela ausência, pela falta é que se evidencia a força da ligação afetiva com o outro.

Não é quando o amor acaba que termina uma relação, mas quando acabam as palavras, instalando-se certo estado de indiferença no qual inexistem intenções de palavra em direção ao outro. É no silêncio que termina uma relação amorosa, embora, é claro, nem todo silêncio signifique o fim da relação.

Um comentário:

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